ATA DA OCTOGÉSIMA SÉTIMA SESSÃO ORDINÁRIA DA SEGUNDA
SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA DÉCIMA SEGUNDA LEGISLATURA, EM 21.10.1998.
Aos vinte e um dias do mês de outubro do ano de mil
novecentos e noventa e oito reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio
Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas foi
efetuada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adeli Sell, Carlos
Alberto Garcia, Cláudio Sebenelo, Clovis Ilgenfritz, Fernando Záchia, Gerson
Almeida, João Carlos Nedel, João Dib, José Valdir, Juarez Pinheiro, Lauro
Hagemann, Maria do Rosário, Paulo Brum, Renato Guimarães e Tereza Franco.
Ainda, durante a Sessão, compareceram os Vereadores Antonio Hohlfeldt, Décio
Schauren, Eliseu Sabino, Elói Guimarães, Hélio Corbellini, Henrique Fontana,
Isaac Ainhorn, Luiz Braz, Nereu D'Ávila, Pedro Américo Leal e Reginaldo Pujol.
Constatada a existência de "quorum", o Senhor Presidente declarou
abertos os trabalhos e determinou fossem distribuídas em avulsos cópias da Ata
da Octogésima Quarta Sessão Ordinária, que deixou de ser votada face à
inexistência de “quorum” deliberativo. À MESA foram encaminhados: pela Mesa
Diretora, o Projeto de Resolução nº 45/98 (Processo nº 3024/98); pelo Vereador
Carlos Alberto Garcia, 02 Pedidos de Providências; pelo Vereador Cláudio
Sebenelo, 02 Pedidos de Providências; pelo Vereador Luiz Braz, o Pedido de
Informações nº 130/98 (Processo nº 2986/98); pelo Vereador Paulo Brum, o
Projeto de Lei do Legislativo nº 150/98 (Processo nº 2993/98). Do EXPEDIENTE
constaram: Ofícios nºs 427, 428, 429/98 e s/nº, do Senhor Prefeito Municipal de
Porto Alegre; 3470 e 3485/98, da Senhora Iara Leite, do Gabinete da Casa Civil
do Estado/RS. A seguir, constatada a existência de “quorum”, foi aprovado
Requerimento do Vereador Pedro Ruas, solicitando Licença para Tratar de
Interesses Particulares, no dia de hoje, tendo o Senhor Presidente declarado
empossado na vereança o Suplente Milton Zuanazzi, informando que Sua Excelência
integrará a Comissão de Economia, Finanças e Orçamento. Também, foi apregoado
documento assinado pelo Vereador Nereu D’Ávila, informando da impossibilidade
do Suplente João Bosco Vaz assumir a vereança em substituição ao Vereador Pedro
Ruas. Em prosseguimento, o Senhor Presidente concedeu a palavra, em TRIBUNA POPULAR,
ao Senhor Leodomar da Rosa Duarte, Presidente da União das Associações de
Moradores de Porto Alegre - UAMPA, que discorreu acerca do déficit habitacional
ora observado no Município, ressaltando a necessidade da implementação de
políticas públicas destinadas a solucionar essa questão e a adoção, pelos Governos
Estadual e Municipal, de medidas preventivas e gestoras de melhorias na área da
habitação popular. Na oportunidade, o Senhor Presidente registrou a presença do
Senhor Pedro Dias, Vice-Presidente da União das Associações de Moradores de
Porto Alegre - UAMPA. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o Vereador Lauro Hagemann
manifestou-se sobre o pronunciamento do Senhor Leodomar da Rosa Duarte,
registrando a justeza da preocupação da União das Associações de Moradores de
Porto Alegre - UAMPA com a questão habitacional, principalmente no que se
refere à população mais carente, ressaltando a necessidade de maior reflexão
desta Casa sobre o tema. O Vereador Luiz Braz declarou que este Legislativo
cumpriu suas atribuições nas votações relativas ao Orçamento do Executivo
Municipal, aprovando investimentos em habitação na Cidade de Porto Alegre.
Ainda, destacou que a União das Associações de Moradores de Porto Alegre -
UAMPA deve cobrar junto ao Departamento Municipal de Habitação - DEMHAB os
recursos devidos para essa área. A Vereadora Maria do Rosário afirmou que a
atual política tributária concentra recursos nas administrações federal e
estadual, dificultando aos municípios o combate ao êxodo rural. Também, teceu
considerações acerca das políticas de habitação e urbanização vigentes em Porto
Alegre. O Vereador João Dib historiou sobre a contribuição e a participação da
UAMPA nos debates realizados na Casa e na defesa de uma boa qualidade de vida
na Capital, tecendo críticas ao Executivo de Porto Alegre e propugnando pela
destinação de mais verbas para programas habitacionais. Às quatorze horas e
cinqüenta e um minutos, os trabalhos foram declarados regimentalmente
suspensos, tendo sido retomados às quatorze horas e cinqüenta e três minutos,
constatada a existência de “quorum”. A seguir, o Senhor Presidente registrou a
presença dos Senhores Luiz Carlos Casagrande, Antônio Cetoli, Fabiano Giongo e
Paulo Salvi, respectivamente, Prefeito, Presidente da Câmara, Secretário de
Turismo e Secretário de Obras de Garibaldi, das Senhoras Roberta Delazari,
Antonela Celine e Franciele Carraro, respectivamente, Rainha, 1ª e 2ª Princesas
da Festa do Champanha, do Senhor Cássio Brufato, representante da Comissão
Central da Festa do Champanha, que compareceram em visita a este Legislativo
para divulgação da Festa do Champanha, a ser realizada no Município de
Garibaldi, do dia trinta de outubro a oito de novembro do corrente. Após, o
Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores Fernando Záchia e Maria do
Rosário que, em nome da Casa, saudaram os visitantes. Em continuidade, o Senhor
Presidente concedeu a palavra ao Senhor Luiz Carlos Casagrande, que teceu
considerações a respeito da programação da Festa do Champanha, convidando a
todos os Senhores Vereadores a prestigiarem o evento. Às quinze horas e seis
minutos, os trabalhos foram regimentalmente suspensos, sendo retomados às
quinze horas e onze minutos, constatada a existência de “quorum”. Em PAUTA
ESPECIAL, Discussão Preliminar, estiveram, em 2ª Sessão: os Projetos de Lei do
Executivo nºs 38, 36, 37 e 39/98, os três últimos discutidos pela Vereadora
Maria do Rosário, o Projeto de Lei do Executivo nº 35/98, discutido pelos
Vereadores Adeli Sell, Renato Guimarães, José Valdir e Maria do Rosário. Na
ocasião, o Senhor Presidente destacou a necessidade de que os Oradores na
tribuna atenham o teor dos seus pronunciamentos à matéria em análise, tendo o
Vereador José Valdir manifestado-se a respeito. Em COMUNICAÇÃO DE LÍDER, o
Vereador Cláudio Sebenelo reportou-se ao pronunciamento efetuado pelo Vereador
Adeli Sell durante o período de Pauta Especial, declarando que os recursos
utilizados pelo Executivo Municipal para investimentos na área da saúde são
oriundos do Ministério da Saúde, e, tecendo críticas à Secretaria Municipal da
Saúde de Porto Alegre, afirmou que esse órgão encontra-se sucateado pela
ausência de política voltada à manutenção dessa área. O Vereador Carlos Alberto
Garcia questionou a postura do Governo Federal de não anunciar novo pacote
fiscal antes da realização do segundo turno das eleições para Governador de
Estado. Também, criticou o Ministério da Educação, por não homologar o Crédito
Educativo aos estudantes universitários durante o corrente ano, bem como pela
redução da verba destinada à merenda escolar nas escolas públicas. O Vereador
Reginaldo Pujol contraditou declarações do Vereador Carlos Alberto Garcia,
salientando que o Governo Federal comprometeu-se a contribuir na busca de
soluções para os problemas da área de saúde e educação e que a questão do
crédito educativo ainda não teve sua situação concretamente definida. Em PAUTA,
Discussão Preliminar, estiveram: em 1ª Sessão, os Projetos de Lei do
Legislativo nºs 144, 145 e 147/98; em 2ª Sessão, o Projeto de Lei Complementar
do Executivo nº 06/98; em 3ª Sessão, os Projetos de Lei Complementar do
Executivo nºs 08 e 07/98, este discutido pelo Vereador João Dib, o Projeto de
Lei do Executivo nº 40/98. A seguir, por solicitações dos Vereadores Adeli Sell
e Isaac Ainhorn, foi procedida à verificação de “quorum” e, constatada a
inexistência do mesmo, o Senhor Presidente declarou encerrados os trabalhos às
dezesseis horas e quarenta e cinco minutos, convocando os Senhores Vereadores
para a Sessão Ordinária da próxima sexta-feira, à hora regimental. Os trabalhos
foram presididos pelos Vereadores Luiz Braz, Clovis Ilgenfritz e Juarez
Pinheiro e secretariados pelo Vereador Juarez Pinheiro. Do que eu, Juarez
Pinheiro, 1º Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída
em avulsos e aprovada, será assinada por mim e pelo Senhor Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): Temos a satisfação de convidar para fazer
parte da Mesa e ocupar a Tribuna Popular, conforme o art. 100 da Lei Orgânica
do Município, pelo tempo regimental de
dez minutos, o Sr. Leodomar da Rosa Duarte, Presidente da UAMPA. Também está
presente o Sr. Pedro Dias, Vice-Presidente da entidade.
O
Ver. Pedro Ruas solicita Licença para Tratar de Interesses Particulares no dia
de hoje.
(Obs.:
Foi aprovado Requerimento de licença do Ver. Pedro Ruas e dada posse ao
Suplente, conforme consta na Ata.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Passamos
à
TRIBUNA POPULAR
Presente
o Sr. Leodomar da Rosa Duarte, Presidente da União das Associações de Moradores
de Porto Alegre - UAMPA, que está com a
palavra e falará sobre a habitação em Porto Alegre, pelo tempo regimental de
dez minutos.
O SR. LEODOMAR DA ROSA DUARTE: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em nome da UAMPA, saudamos o Presidente desta Casa e
os Srs. Vereadores. Vimos aqui para debater as questões sobre a habitação na
Cidade de Porto Alegre.
Consideramos
a habitação como sendo uma questão de alta importância na nossa sociedade. Nós,
diretores desta entidade, entendemos que sem moradia a pessoa não tem dignidade
e que não poderá ter uma família se não tiver uma moradia digna ou, pelo menos,
um local para onde ir quando chegar do trabalho à noite, sabendo que vai
encontrá-lo no mesmo lugar onde o deixou. Já aconteceu de uma pessoa chegar do
trabalho e não encontrar a sua moradia devido a uma reintegração de posse.
Dentro desse parâmetro, sabemos que a Cidade de Porto Alegre tem muitos
problemas com relação à habitação. Entendemos que o Município de Porto Alegre,
assim como os demais quatrocentos e poucos Municípios, não tem como gerir a
questão da habitação sozinho, ou seja, com seus recursos.
A UAMPA entende que, com a extinção da COHAB,
faltou um membro gerenciador ou financiador, na nossa Cidade, para a habitação.
A COHAB tinha problemas de administração e o Governo do Estado não tomou
iniciativa alguma para que a gente pudesse criar outro órgão para a habitação.
Temos
quase que um despejo por dia na Região Metropolitana de Porto Alegre e quero
salientar três vilas que aqui estão presentes: Cooperativa Habitacional Santo
Antônio, Vila Max Gueiss e Vila Banco Central. Na sexta-feira, tivemos um
encontro entre o Governo do Estado e o Município, onde foi feita uma parceria.
Isto é o que queremos, como UAMPA, trazer aqui: que as divergências políticas
se extingam. A compreensão, para quem quer morar, é de que precisa existir essa
parceria entre o Governo do Estado e o Governo Municipal para que possam ser
socorridas essas pessoas que, no caso da Cooperativa Habitacional Santo Antônio,
seriam despejadas na segunda-feira, na primeira hora. E houve essa compreensão,
houve esse acordo entre o Governo do Estado e o Município para que aquelas
cento e sessenta famílias não fossem despejadas de uma área particular cujo
valor as pessoas não poderiam pagar. Era um custo de 510 mil reais. Não havia
como pagar. Elas se propuseram a pagar 300 mil reais, com a colaboração do
Município, e o Estado os restantes 200 mil reais. Isso é possível fazer. Basta
ter vontade política.
Não
podemos colocar nos ombros do Município de Porto Alegre toda a
responsabilidade. Sabemos que milhares e milhares de pessoas vêm do Interior
para a Capital em busca de um emprego. Temos que analisar a questão do êxodo
rural. Aqueles colonos, aqueles agricultores que perderam suas terras, suas
máquinas para o Banco do Brasil, vêm para a Cidade e precisam de moradia. Nós,
como UAMPA, atribuímos essa responsabilidade ao Governo Federal e ao Governo do
Estado, juntamente com o Município, para que resolvam as questões habitacionais
na nossa Cidade de Porto Alegre. Quero dizer que nesse momento tentamos apagar
o “fogo de palha”, resolver as questões das pessoas falando aqui, que estão com
a “corda no pescoço”, mas não podemos continuar com essa política. Estamos
pedindo socorro a nossa Câmara de Vereadores para que agilize uma política de
prevenção para essas milhares e milhares de famílias que moram em áreas
particulares e que estão com os seus dias contados para fazer a reintegração de
posse.
Queremos
fazer esse apelo à representação do povo de Porto Alegre. Esse povo ocupa essas
áreas não porque quer. Ocupa porque não tem onde morar. Ninguém vai ocupar uma
área porque quer. É porque não tem onde morar. São áreas sem a mínima
infra-estrutura, sem saneamento, sem escola, sem ônibus, sem que a própria
família possa fazer uma casa decente, porque nunca sabe o tempo que vai ficar
nessas áreas.
Nós
pudemos observar a prepotência dos grandes latifúndios desta Cidade de Porto
Alegre, no caso a HABITASUL, quando juntos sentamos na Casa Civil, no Palácio
do Governo do Estado, para a negociação da Vila Santo Antônio. Vimos sua
prepotência quando eles dizem que querem a terra deles, que eles não têm por
que suspender o despejo, baixar o preço, porque a terra é deles e o resto não
interessa, existe o Governo para resolver o problema. Isso nós ouvimos. Isso
nos entristece, porque deveriam ter um pouco de humildade para com aquelas
pessoas que nada têm. Na cabeça dos governantes não existe um mínimo de
compreensão sobre a desigualdade social e não dão o mínimo de conforto para
aqueles que mais precisam.
O
que a UAMPA quer dizer, nesta oportunidade, é que a nossa Câmara de Vereadores,
juntamente com os demais órgãos que compõem a habitação do nosso Município,
estude uma política, não apenas emergencial, mas que previna essas
desocupações. Nós não suportamos mais - a UAMPA, uma entidade que representa
esta Cidade também no movimento comunitário - ver essas famílias recebendo uma
ordem judicial e sendo despejadas brutalmente pelo Comando da Brigada Militar.
Nada contra o Judiciário, mas sabemos que é pouco sensível nas questões sociais
da nossa Cidade, na questão da moradia. O nosso Judiciário, talvez a minoria,
não deve ter conhecimento das dificuldades que essas pessoas enfrentam sem
moradia, sem emprego, sem nada de dignidade para poder continuar neste País.
Também
queremos solicitar a esta Câmara que se atenha à aplicação da Lei Orgânica do
Município feita em 1989, com a colaboração muito importante da nossa UAMPA, no
caso do solo criado, no caso, principalmente, do imposto progressivo no tempo;
que isso retorne na aplicação da habitação popular. A ampliação do Banco da
Terra é importante para que possamos socorrer pessoas. Pessoalmente, acho que
não precisa de dinheiro. Precisa, muito mais, que se aplique a lei, que se faça
uma política mais séria de habitação, tanto em nível federal como estadual e no
âmbito do Município, que, sabemos, não se negará a fazer isso.
A
criação de uma Companhia de Habitação no Estado é de suma importância, porque
sem isso não teremos um órgão gestor para que possamos fazer habitação em nossa
Cidade e nem mesmo na Região Metropolitana. As pessoas que procuram nossa
Cidade se aglutinam nas beiras dos valões, nessas áreas não habitáveis.
Que
seja, também, estudado um percentual, dentro do Município, direcionado para a
habitação, que, dentro do Orçamento, exista um percentual “x” para ser aplicado
em habitação.
Gostaria
de agradecer e dizer ao nosso Presidente e aos Srs. Vereadores que analisem as
palavras ditas em nome de nossa entidade. Muito obrigado.(Palmas.)
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESDIENTE: Convidamos o Presidente da UAMPA para
voltar a fazer parte da Mesa. Registramos a presença do Sr. Pedro Dias,
Vice-Presidente da UAMPA.
O
Ver. Lauro Hagemann está com a palavra em Liderança.
O SR. LAURO HAGEMANN: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Sr.
Presidente da UAMPA que hoje nos visita. É pertinente a presença da UAMPA na
Tribuna Popular, nesta tarde, para tratar de um assunto que sempre preocupou
tanto o Executivo quanto o Legislativo, mas, sobretudo, a sociedade
porto-alegrense.
Esta
Casa é sensível ao apelo da UAMPA no sentido de ajudar a resolver problemas que
vêm se agravando dia a dia com o aumento da população, com o êxodo dessa
população para lugares periféricos da Cidade, não perfeitamente adaptados a uma
vida digna, a uma sobrevivência digna por falta de infra-estrutura. Nós temos a
radiografia do problema habitacional de Porto Alegre. Temos que, conjuntamente,
implementar uma solução para esses problemas, e a cada dia a Cidade é desafiada
e a Administração é desafiada a encontrar saídas para essa crise.
Eu
pertenço, há várias legislaturas, à CUTHAB, que é a Comissão Permanente da Casa
que trata da habitação, juntamente com o companheiro Ver. Paulo Brum, hoje aqui
presente, e que também é membro da CUTHAB. Nós temos nos defrontado com os
pleitos da várias entidades, principalmente das entidades ligadas à UAMPA, a
respeito de resolver situações calamitosas. Não há semana em que nós não
tenhamos a assistência de entidades que vêm reclamar de problemas que se
resumem, geralmente, à expulsão de comunidades inteiras dos seus lugares de
moradia.
O
problema habitacional é um problema no mundo todo, mas nós aqui temos que
resolver o nosso. Algumas leis já foram editadas neste Município que visam a
balizar o processo: concessão do direito real de uso, solo criado, IPTU
progressivo, essas coisas que vão dando suporte ao Poder Público para ir
resolvendo no atacado a questão habitacional. Mas a UAMPA se preocupa, e com justeza,
com o varejo do problema habitacional, porque são habitantes, cidadãos de vilas
irregulares que são surpreendidos, às vezes na madrugada, com a presença de
instrumentos da Justiça, retirando-os do seu lugar de moradia. Isso é uma
agressão que se pratica contra o cidadão, contra o seu direito mais natural de
ter um ninho onde ancorar a sua prole. Fazendo analogia com o mundo animal,
todos os animais têm um ninho onde criam seus filhotes, têm o prosseguimento da
sua vida. Então, seria mais do que natural o homem ter também esta garantia. E,
no entanto, o homem não a tem.
Eu
quero e desejo que agora o novo Governo que vai se instalar no Estado, junto
com a Prefeitura e com as prefeituras, todos nós possamos olhar para esse
problema habitacional com olhos muito especiais para que a nossa cidadania não
tenha a preocupação de anoitecer num barraco e acordar na rua, na intempérie.
A
UAMPA tem toda a razão em trazer esse problema para a reflexão dos Srs.
Vereadores. Nós temos diariamente - e agora mesmo, na Vila Santo Antônio -
dezenas de comunidades ameaçadas de despejo. E não é que se possa dizer que o
Poder Público não tem feito nada. Tem feito o que pode fazer, porque esse é um
problema que custa muito dinheiro. Nós temos que arranjar outros meios. Vamos trabalhar
juntos. Parabéns à UAMPA por ter trazido esse problema à colação da Casa. E nós
temos o dever de responder a esse apelo. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Clovis Ilgenfritz): O Ver. Luiz Braz está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. LUIZ BRAZ: Sr. Presidente, Sras. e Srs. Vereadores,
Sr. Presidente da UAMPA, eu ouvi do Presidente da UAMPA um clamor para que esta
Casa pudesse manifestar-se, para que esta Casa pudesse tomar atitudes em prol
do problema da falta de habitação. Eu ouvi, posteriormente, o Líder do PPS vir
aqui a esta tribuna e dizer que agora um novo governo ia assumir o Estado e,
juntamente com a Prefeitura, novas ações seriam tomadas para resolver o
problema habitacional, mas acredito que faltam informações. As informações que
foram solicitadas pelo Presidente da UAMPA não foram repassadas na sua
totalidade.
Presidente
da UAMPA, V. Sa. deve ser informado de que no ano passado, no ano de 1997, a
chamada Administração Popular mandou para a Casa o Orçamento elegendo a
habitação como o seu ponto principal dentro do Orçamento, solicitando que a
Câmara aprovasse recursos na ordem de 22 milhões de reais para a habitação. A
Câmara Municipal fez a sua parte - e não estou me referindo só aos Vereadores da
oposição, estou dizendo que os Vereadores de Porto alegre fizeram a sua parte.
Nós aprovamos um orçamento para o DEMHAB, para que o DEMHAB pudesse aplicar só
em recursos municipais - sem contar os recursos que entram através do Governo
Federal - 22 milhões de reais. V. Sa. sabe que o DEMHAB não conseguiu aplicar
esse dinheiro. O Sr. Ubiratan - que é do GAPLAN - em um debate que tivemos em
um canal de televisão, me afirmava que só conseguiram, dos 22 milhões, usar 10
milhões.
Então,
eu acho que a situação da habitação aqui em Porto Alegre - eu pensava - está
boa demais, porque, de 22 milhões de reais que a Câmara aprovou, a
Administração Popular, o DEMHAB só tinha usado 10 milhões. E eu perguntava: e
os outros 12 milhões? “Ah! Os outros 12 milhões nós passamos para o Orçamento
deste ano e vamos usá-lo durante este ano.” Agora eu ouço a Liderança do PPS
dizer que o Governo não resolve esta situação porque faltam recursos. Mas onde
estão os recursos que nós aprovamos na Casa? Será que eles vão ser utilizados
agora com um novo governo? Será que eles estão esperando isso para usarem os
recursos aprovados? Porque nós aprovamos aqui, Ver. Pedro Américo Leal,
recursos para a habitação.
Como
cidadão, exijo da UAMPA que cobrem esses recursos, assim como estamos cobrando
aqui, através da Câmara Municipal. Onde estão as habitações? Onde está a
política habitacional do DEMHAB? Onde estão os núcleos habitacionais que
deveriam surgir através desse dinheiro aprovado pela Câmara Municipal para o
Orçamento de 1997? V. Exa. conhece
aplicações de recursos da ordem de 22 milhões de reais que pudessem justificar
uma série muito grande de habitações em nossa Cidade. Tudo isso está no
Orçamento. Não estou falando de dados que não conheçamos.
O
Ver. Lauro Hagemann é um grande conhecedor do Orçamento da Cidade - tenho
certeza de que conhece esses dados - e cobrava os recursos que faltam para
aplicar em habitação. Vereador, os recursos estão lá no Orçamento. Vinte e dois
milhões - não é isso aqui, não, Vereador, é muito mais do que isso, é muito
recurso. Onde estão as habitações? As lideranças do tal governo popular que
respondam, porque nós, Vereadores de Porto Alegre, aprovamos os 22 milhões no
ano passado, fora os recursos federais. Onde estão as habitações? É essa a
pergunta que tem que ser feita e é essa a pergunta que falta ser respondida.
Será que agora, num passe de mágica, vai surgir o dinheiro que aprovamos e as
habitações vão começar a aparecer? Eu até espero que sim, porque, afinal de
contas, todos nós, quando aprovamos o Orçamento para a Cidade de Porto Alegre,
queríamos que o dinheiro aprovado nas diversas rubricas fosse bem aplicado, que
não ficasse apenas no terreno do discurso: “Olha, não dá para resolver o
problema da habitação, porque não há dinheiro”. É só ler o Orçamento, não é tão difícil.
O
Ver. Lauro Hagemann é um dos craques nesta Casa na leitura e no estudo do
Orçamento. A leitura do Orçamento de 1997 não é uma matéria difícil para os
Vereadores. V. Exas. veriam que há recursos para habitação. Este ano há recursos
para habitação, só que nós não vemos surgirem as habitações. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): A Vera. Maria do Rosário está com a
palavra para uma Comunicação de Líder.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente, Srs. Vereadores e
Vereadoras, especialmente o Sr. Presidente da União das Associações dos
Moradores de Porto Alegre, nós ouvimos o seu pronunciamento e saudamos, mais
uma vez, a presença da UAMPA nesta Casa e o acompanhamento que faz do debate do
Orçamento público na Cidade de Porto Alegre.
Especialmente
queremos destacar do seu pronunciamento a preocupação aqui apresentada com o
destino da política habitacional em nível estadual na medida em que, no atual
Governo do Estado, nós vimos ser extinta a COHAB sem que nada ocupasse o seu
lugar e o financiamento da moradia popular e as políticas de habitação popular
caíssem de verdade num vácuo absoluto, ou seja: a quem a população se dirige
quando precisa e, muito precisa, de um lugar para morar, de um lugar para
viver? É impressionante como os números atestam a dificuldade das famílias em
encontrarem a estabilidade de uma moradia.
Se,
de um lado, é impossível para os Municípios, com a política global de retirada
dos recursos de todas as prefeituras municipais, de concentração do dinheiro
público no Governo Federal e no Governo do Estado, estabelecerem políticas
capazes de atender ao conjunto, à totalidade da população, especialmente numa
época em que ainda recebemos, permanentemente, aqueles que vêm do interior do
Estado pela falência da agricultura, porque o êxodo permanece como uma das
marcas, especialmente no Rio Grande do Sul, de outro lado, ações articuladas
entre a Prefeitura Municipal de Porto Alegre, buscando, sim, o cumprimento das
obrigações com as políticas habitacionais do Governo do Estado, levaram também
a que procurássemos incessantemente, e aqui na Casa a nossa Comissão de
Urbanização, Transportes e Habitação, presidida pelo Ver. Décio Schauren, por
inúmeras vezes fez movimentos em direção à Assembléia, inúmeros movimentos em
direção ao Governo do Estado. Um exemplo disso é o Loteamento Timbaúva, que foi
negociado o reassentamento, que até agora o Governo do Estado não repassou os
recursos que havia estabelecido como compromisso.
Faço
questão de dizer aos senhores e às senhoras que, em contraposição a esta
política de abandono da moradia popular, temos, sim, em Porto Alegre, um
Departamento Municipal de Habitação. Temos política em Porto Alegre para a
habitação popular, não propostas, que tanto se fala nos dias de hoje. Parece
que o grande debate é de quem tem propostas. Pois temos propostas testadas na
vida, e a nossa política no Departamento Municipal de Habitação Popular tem
sido a política de regularização fundiária, de buscar tranqüilidade às
famílias, às comunidades, de buscar debater a questão dos recursos públicos. E
faço questão de referir neste pronunciamento que, do total de 25 milhões de
reais orçados no ano passado para o atual exercício, já temos em andamento
cerca de 17 milhões de reais. Em andamento significa política de urbanização e
reurbanização, regularização fundiária, levantamento topográfico e cadastral,
produção habitacional, com lotes urbanizados, unidades habitacionais, casas de
emergência, a partir, inclusive, das políticas da FESC, reassentamentos de
famílias que ocupam áreas impróprias para moradia, como o programa que existe
permanentemente em Porto Alegre, que é o programa voltado para as áreas de
risco e que atende famílias que moram em áreas de risco e que são retiradas
permanentemente dessas áreas para ocuparem outros espaços em que possam viver
com dignidade e atendimento das suas necessidades em termos de moradia popular.
Quero
disponibilizar aos Srs. Vereadores, porque, do total de recursos, cerca de 12
milhões encontram-se também sendo trabalhados para andamento, e 615 mil em
obras já concluídas. Destaco que, além dessas obras e deste trabalho realizado
pela Prefeitura Municipal com recursos próprios, existem aqueles - porque temos
as finanças absolutamente controladas no Município de Porto Alegre - em que
buscamos financiamentos externos, financiamentos da Caixa Econômica Federal.
Portanto,
Srs. Vereadores, concluo dizendo que o debate sobre habitação nos interessa,
mas nos interessa também trazer recursos para o povo de Porto Alegre, recursos
que estão trancados no Governo do Estado, que não explicou até hoje por que
extinguiu a COHAB e por que não colocou nada no seu lugar para as políticas
habitacionais para as famílias de baixa renda. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE (Juarez Pinheiro): O Ver. João Dib está com a palavra para
uma Comunicação de Líder.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, saúdo
aqui a presença do Presidente da UAMPA, trazendo ao conhecimento da Casa os anseios
de uma boa parte da coletividade porto-alegrense que vive mal, muito mal. A
UAMPA tem um passado nesta Casa. A UAMPA fez a única emenda popular que foi
aprovada no Orçamento: reduziu verbas de publicidade no Gabinete de S. Exa. o
Sr. Prefeito. Mas, tristemente, nós vimos, depois, o Prefeito aumentar as
verbas de publicidade do seu Gabinete na ordem de 13.200%; aumentou 13 mil e
200 vezes aquilo que a UAMPA tinha mostrado que a população pretendia que fosse
diminuído para que pequenas coisas do funcionamento da UAMPA pudessem ser
realizadas.
Mas,
Sr. Presidente, Srs. Vereadores, estamos cansados de ouvir falar no
Departamento Municipal de Habitação, e eu sempre me sinto emocionado quando
falo em Departamento Municipal de Habitação, porque a minha vida pública
começou no Serviço de Habitação Popular, que depois se transformou no
Departamento Municipal da Casa Popular, até que no Governo Thompson Flores
passou a ser Departamento Municipal de Habitação. Eu, então, fico pensando
sobre aquelas administrações extraordinárias de Thompson Flores, Villela, que
construíram milhares de habitações nesta Cidade, onde entraram com o terreno,
com a infra-estrutura e que as pessoas recebiam casas que poderiam ser chamadas
de lares. Não eram duzentas ou quinhentas casas, mas milhares. Toda a Restinga
foi construída na Administração Villela, Thompson Flores e também João Dib, mas
todos os bairros receberam habitações da melhor qualidade.
Agora
perguntam por que extinguiram a COHAB. Pergunto por que o DEMHAB, que tem recursos
aprovados nesta Casa, não constrói habitações? Por que o DEMHAB, que tem tanta
publicidade, não constrói habitações? Ou será que quererão me dizer que as
setecentas e dezesseis habitações da Vila Nova que o Shopping do Cristal irá
construir - aquele mesmo "shopping" que a Bancada do PT me pediu aqui
que retirasse o pedido de uma Comissão Especial para analisar o regime urbano,
que me mandariam em duas ou três semanas o projeto, e nós, então, faríamos a
Comissão Especial. E a Bancada do PT, cinco meses e meio depois, trouxe o
processo, é verdade, e pediu urgência. Não aceitou a Comissão Especial para
analisar o projeto. Nós analisamos? Não, nós votamos um projeto, e eu tive o
orgulho de tê-lo votado contrariamente, onde não há avaliações, não há nenhum ponto
em que o Vereador pudesse se amparar para poder fazer uma votação correta. Mas
vão construir setecentas e dezesseis casas, sim. Já estão até construídas, eu
creio. Mas não foi o DEMHAB, foi a iniciativa privada.
Então,
eu fico triste quando me perguntam: por que o DEMHAB está aí e não faz nada?
Porque eu comecei a trabalhar no Serviço de Habitação Popular, e não faz nada
mesmo! Quando o Sr. Olívio Dutra fez novecentos e noventa e nove dias de
governo, fiz a ele um desafio: eu havia ficado novecentos e noventa e nove dias
na Prefeitura para somar as suas obras do DEMHAB às obras do Prefeito Alceu
Collares; eu ainda teria feito mais que os dois somados. Mas eu fiz habitações,
Thompson Flores fez habitações, Villela fez habitações, não de 35m2 com dois pavimentos,
onde a escada já toma 4 ou 5m2. Nós fizemos apartamentos e casas que qualquer
arquiteto poderia assinar a planta com orgulho e não essa série de coisas que o
DEMHAB faz aí, improvisando e não estudando bem a situação dos munícipes, mas
cobrando como se tivessem construído uma casa de primeira qualidade.
Lembro,
sim, que o DEMHAB interferiu no Jardim Leopoldina e pagou o dobro do preço: 1.2
CUBs por metro quadrado em vez de 0.6 que estavam nas avaliações. Saúde e paz!
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): Srs. Vereadores, vamos agradecer a
presença do Presidente da UAMPA, Sr. Leodomar da Rosa Duarte, e do
Vice-Presidente, Sr. Pedro Dias. Colocamos a Câmara Municipal à disposição para
todas as ações que forem necessárias, mas reafirmando que a Câmara tem tido
ações, todas elas a auxiliar que esse problema habitacional possa ser
resolvido.
Vamos
suspender por um minuto a Sessão.
(Suspendem-se
os trabalhos às 14h51min.)
O SR. PRESIDENTE (às 14h53min): Estão reabertos os trabalhos. Estamos
recebendo uma delegação do Município de Garibaldi: Sr. Luiz Carlos Casagrande,
Prefeito Municipal de Garibaldi; Sr. Antonio Cetoli, Presidente da Câmara
Municipal de Garibaldi; Sr. Fabiano Giongo, Secretário de Turismo; Sr. Paulo
Salvi, Secretário de Obras; Sra. Roberta Delazari, Rainha da Festa do
Champanha; Sra. Antonela Celine, 1ª Princesa; Sra. Franciele Carraro, 2ª
Princesa; e Sr. Cássio Brufato, da Comissão Central da Festa do Champanha, em
visita a esta Casa para divulgação da Festa do Champanha, a ser realizada no
Município de Garibaldi, de 30 de outubro a 8 de novembro do corrente ano. Sejam
muito bem-vindos.
Esta
Casa sente-se honrada em receber esses amigos do Município de Garibaldi.
Convidamos
o Ver. Fernando Záchia e a Vera. Maria do Rosário para fazerem a saudação em
nome da Câmara Municipal de Porto Alegre. O Ver. Fernando Záchia está com a
palavra.
O SR. FERNANDO ZÁCHIA: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.)
É com extrema satisfação e alegria, nesses tempos acirrados e difíceis que
se avizinham à grande decisão eleitoral do Estado do Rio Grande do Sul, que nós
possamos receber tão ilustres visitas para que se possa divulgar algo mais
ameno e mais gostoso, que é a FENACHAMP, que se vai realizar no final de
outubro e início do mês de novembro. Sem dúvida, é uma festa tradicional, e
esta Casa se sente honrada em estar entre as instituições visitadas pelo Exmo.
Prefeito de Garibaldi, Sr. Luiz Carlos Casagrande, e sua comissão.
Eles
visitaram a Assembléia Legislativa, o Governador do Estado em exercício; vão
visitar, no final da tarde, o Prefeito Municipal desta Cidade e, à noite, o
Sport Club Internacional. É mais uma oportunidade para se divulgar cada vez
mais esta festa extremamente importante para o Estado, para a história e
tradição do Rio Grande do Sul. Esta Casa aproveita a oportunidade para deixar
registrado e cumprimentar o Prefeito de Garibaldi, o Presidente da Câmara e
seus Vereadores, principalmente a rainha e princesas, e parabenizá-los pela
festa que, sem dúvida alguma, será um sucesso e deverá ser presenciada e
prestigiada por grande parte da coletividade rio-grandense. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Estou só informando que era FENACHAMP.
Agora é Festa do Champanha. A Vera. Maria do Rosário está com a palavra.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores. (Saúda
os componentes da Mesa e demais presentes.) Sem dúvida que é uma alegria para
todos nós, neste momento, recebermos as autoridades da Festa e as autoridades
da Cidade de Garibaldi e dizer da nossa alegria, especialmente, pela integração
que acontece ao recebermos, na Câmara Municipal de Porto Alegre, aqueles que
preparam uma festa maravilhosa como esta. A Cidade de Porto Alegre também
aproveita e vive a realização de um evento de tal natureza. Seguramente, quando
saudamos na nossa Câmara esse evento vinculado ao turismo, ao desenvolvimento
da Serra gaúcha, ao desenvolvimento e ao trabalho da gente que vive na Serra
gaúcha, da Prefeitura Municipal de Garibaldi, de todos os agentes que promovem
esse momento tão especial para o Rio Grande do Sul, que faz parte do próprio
calendário de eventos do nosso Estado, nós estamos saudando em nome da Cidade
de Porto Alegre.
O
Ver. Fernando Záchia referiu a
importância desse evento e nós queremos também destacar que, através deste
evento que se realizará de 30 de outubro a 8 de novembro, estaremos, sem
dúvida, presentes, através dos Srs. Vereadores, mas, especialmente, através da
nossa cidadania. É comum, e nós reconhecemos, a paixão que Porto Alegre tem
pela nossa Serra, ou como nos sentimos integrados, seja porque parte da nossa
população também é composta por pessoas originárias daquela região, seja porque
ela nos oferece momentos especiais,
proporcionando o retorno às origens e ao desenvolvimento do Rio Grande do Sul.
Para
nós, a cultura de um povo é feita justamente por momentos como este, que
valorizam as experiências históricas que um povo tem, e uma festa como esta
unifica o trabalho, valoriza a luta de seu povo, a sua saga e o desejo de se
desenvolver cada vez mais e de viver com felicidade. Queremos cumprimentar a
todos e dizer que nos associamos a esse momento feliz da Prefeitura Municipal
de Garibaldi como companheiros que somos, na nossa bancada, do Prefeito Luiz
Carlos Casagrande, do nosso partido, mas também pela alegria que toda uma
cidade vive, oferecendo ao Rio Grande do Sul um momento de descontração, um
momento de felicidade e um momento de desenvolvimento que nos chama a atenção
para a necessidade de políticas cada vez mais fortes de turismo, de políticas
cada vez mais fortes para o desenvolvimento regional, de políticas para a
pequena, para a micro e média empresas, para as cooperativas, que, enfim,
trabalham todo o ano para que possamos ter uma produção vitivinícola à altura
das melhores produções do mundo inteiro e que precisam estar lá fora com a
força toda que podemos ter pela qualidade da nossa produção.
Agradeço,
em nome da nossa bancada e da Câmara Municipal, a visita dos senhores e das
senhoras e nos colocamos à sua disposição. Parabéns a Garibaldi! Muito
obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Sr. Prefeito de Garibaldi, Luiz Carlos
Casagrande, está com a palavra.
O SR. LUIZ CARLOS CASAGRANDE: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, Srs.
Visitantes, o Município de Garibaldi está muito feliz em poder estar aqui no
Parlamento da Capital do nosso Estado. Conhecemos o trabalho dos nobres
Vereadores. Tem sido fantástico. Está no mesmo patamar da Assembléia
Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul.
Estamos
divulgando a Festa do Champanha em Garibaldi. Será uma festa com um novo
formato. Haverá uma série de atividades no Centro de Garibaldi. Iniciará no dia
30 de outubro e terminará no dia 8 de novembro. Será um grande evento, uma
festa popular com características especiais. Todos os convidados serão
especiais, pois estamos comemorando os 98 anos da história de Garibaldi.
Os
imigrantes que aportaram nesta região venceram os mares e criaram uma região
fantástica com muito trabalho, com muita vocação, com muita luta, com muita
paciência, com muita dor, com muito otimismo, mas também com muita festa.
Queremos comemorar com a integração - colocada na tribuna pela Vereadora e pelo
Vereador- entre a Serra/Capital/Interior e Interior/Capital/Serra, porque somos
todos irmãos, uma unidade. O povo de Garibaldi gostaria de receber a população
de Porto Alegre, pois sabemos que este povo, além do trabalho, gosta de fazer a
sua festa, que é merecida. A nossa região ficará muito feliz em recebê-los de
braços abertos. A chave da Cidade será entregue aos senhores e às senhoras e à
população que se fizer presente.
A
nossa festa tem um símbolo especial. Estão aqui a nossa Rainha, as Princesas, a Comissão, o Presidente da Câmara
e os nossos Secretários. Seguramente, onde a nossa Rainha e Princesas se fazem
presentes, elas são um sucesso, e aqui não poderia ser diferente, pela beleza,
pelo talento e pelo trabalho. Elas estão, praticamente que nem nós,
parlamentares - Prefeitos, Vereadores
-, um pouco estressadas, no sentido bom, trabalhando de manhã cedinho à noite,
divulgando o evento, sem receber um real, mas por amor à camiseta, amor à nossa
gente, amor à nossa cidade, amor à nossa festa. Estão todos convidados. Muito
obrigado. Um abraço.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: É muito bom vermos uma delegação como
esta que vem de Garibaldi, com o seu Prefeito Municipal e o seu Presidente da
Câmara - o Executivo e o Legislativo vindo juntos para fazer este trabalho de
divulgação desta Festa do Champanha, trazendo a Rainha e as Princesas. Eu já
disse que elas realmente são representantes da beleza daquela região. Nós, da
Câmara Municipal, só podemos agradecer a vinda dos senhores e, com toda a
certeza, haverá representantes do nosso Legislativo na Festa do Champanha,
que se realizará a partir do dia 30,
indo até o dia 8 de novembro.
Nós
vamos suspender a nossa Sessão por alguns minutos para que possamos nos
despedir dos nossos convidados.
(Suspendem-se
os trabalhos às 15h06min.)
O SR. PRESIDENTE (às 15h11min): Estão reabertos os trabalhos. Passamos à
2ª SESSÃO
PROC.
2888/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 035/98, que estima a Receita e fixa a Despesa da
Administração Direta do Município para o exercício econômico-financeiro de
1999. Com Anexos I e II.
PROC.
2889/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 036/98, que estima a Receita e fixa a Despesa do
Departamento Municipal de Água e Esgotos para o exercício econômico-financeiro
de 1999. Com Anexo I.
PROC.
2890/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 037/98, que estima a Receita e fixa a Despesa do
Departamento Municipal de Limpeza Urbana para o exercício econômico-financeiro
de 1999. Com Anexo I.
PROC.
2891/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 038/98, que estima a Receita e fixa a Despesa do
Departamento Municipal de Habitação para o exercício econômico-financeiro de
1999. Com Anexo I.
PROC.
2892/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 039/98, que estima a Receita e fixa a Despesa da
Fundação de Educação Social e Comunitária - FESC para o exercício
econômico-financeiro de 1999. Com Anexo
I.
O SR. PRESIDENTE O
Ver. Adeli Sell está com a palavra para discutir a Pauta Especial.
O SR. ADELI SELL: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, na
Sessão passada, abordamos o tema do Orçamento. Destacamos a importância da
construção do Orçamento do Município de Porto Alegre a partir do que
denominamos de Orçamento Participativo e insistimos na importância da
participação de trinta mil pessoas na elaboração do mesmo, cabendo a nós,
trinta e três Vereadores, discutirmos esse processo de construção coletiva e
decidirmos, portanto, as aplicações das verbas públicas para o próximo ano.
Sempre é bom repetir que aplicaremos diretamente em investimentos, em obras e
equipamentos 21% do Orçamento. Computando a verba do Sistema Único de Saúde,
teremos um total de 1 bilhão e 6 milhões de reais.
Quero
insistir na verba da saúde, que, na vez passada, talvez os números não tenham
ficado claros. Temos, com recursos próprios da Prefeitura Municipal de Porto
Alegre, uma aplicação de 86 milhões de reais, totalizando com os recursos do
SUS, que somam 346 milhões e meio, gastos em saúde em Porto Alegre. A partir
desse dado, quero abordar, aqui, a questão do orçamento da saúde em Porto
Alegre, meu caro Ver. Cláudio Sebenelo. Vou tentar fazer com que todos os
Vereadores possam acompanhar o meu raciocínio.
O Sr. João Dib: V. Exa. me permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Nobre Ver. Adeli Sell, eu acompanho com muito
interesse o pronunciamento de V. Exa. e vejo que a Prefeitura está aplicando, à
parte que lhe cabe, apenas 10% do seu orçamento na saúde e deveria aplicar 13%;
nem chega a 10%, porque é sobre a Administração Centralizada. A Comissão de
Justiça tem um parecer unânime, com dois Vereadores do PT concordando, de que é
aplicado 13% sobre o orçamento global da Prefeitura, o que deveria ser na ordem
de 140 milhões de reais.
O SR. ADELI SELL: Temos uma discussão permanente sobre
esse tema e voltarei a falar sobre o mesmo em seguida. Gostaria que V. Exa.
pudesse acompanhar alguns dos meus raciocínios, assim como os outros Vereadores
desta Casa.
Em
dez anos de administração deste Governo, fizemos um trabalho de reforma,
construção e ampliação que totalizou 15.000m2 para o serviço de saúde, o que
equivale à construção de quarenta e sete postos de saúde de 150m2. O que isso
significa? Se pegarmos a divisão por dez anos, e sabemos que hoje estamos
conseguindo aplicar mais verba na saúde, com o Orçamento atual, nós
ampliaríamos, no ano que vem, no mínimo, cinco novos postos de saúde na
dimensão de 150m2, ou seja, nós faríamos um trabalho de ampliação que estamos
computando nestes dez anos.
A
Prefeitura Municipal de Porto Alegre, através da Secretaria da Saúde, reformou
6.122m2 das dezesseis unidades recebidas do Estado e as ampliou em mais de
7.000m2. Isso equivale a quarenta e sete postos de saúde de 150m2 cada um. Além
disso, construiu as unidades de saúde da Vila Brasília, da Chácara da Fumaça, o
Centro de Saúde da Vila Bom Jesus, totalizando 1.794m2. Está ampliando o HPS, o
melhor hospital de emergência do País, com recursos próprios e com
financiamento obtido pela Prefeitura em um convênio assinado recentemente com o
FUNPLATA, sem um centavo sequer do Governo Estadual, recursos próprios e
financiamentos internacionais. O novo bloco, o anexo do HPS, terá 4.000m2, meu
caro Ver. Pedro Américo Leal, com sete pavimentos. Terá a primeira Unidade de
Tratamento Intensivo Pediátrica de Trauma na América Latina, que entra em
funcionamento em 1999, portanto, como parte do Orçamento que está ora em
debate.
A
Prefeitura reformou e ampliou as áreas de tomografia, clínica, sala de
politraumatizados, unidade de queimados e banco de sangue. Manteve e ampliou a
compra de equipamentos e recursos materiais nunca vistos. O HPS faz, em média,
oitocentos e setenta atendimentos por dia; são trezentos e quarenta médicos,
setenta enfermeiros, cinqüenta e cinco técnicos e trezentos e noventa e um
auxiliares pagos pelo Orçamento próprio da Prefeitura Municipal de Porto
Alegre.
O
HPS recebeu o Prêmio do Mérito em Saúde em 1996, da Secretaria Estadual e do
Conselho Estadual, e o Prêmio Líderes e Vencedores, da Assembléia Legislativa e
da FEDERASUL.
Esses
são dados dos orçamentos da Prefeitura Municipal de Porto Alegre na área da
saúde. Não é propaganda. Não é hora de palanque eleitoral. É hora de a Câmara
de Vereadores se debruçar sobre números: 346 milhões para o próximo ano, sendo
que 86 milhões são recursos próprios da
Prefeitura de Porto Alegre.
Eu
volto a dizer que saneamento faz parte da saúde: é prevenção, é qualidade de
vida, é bem-estar social.
A
Prefeitura comprou um imóvel para a implantação de um posto de saúde no Lami,
no extremo sul da Cidade, entre outras obras. Criou o SAMU. Instalou dois novos
pronto atendimentos 24 horas na Zona Sul e na Zona Norte, com o orçamento que
tínhamos até agora. Com o novo orçamento, nós, como já colocamos na Lei de
Diretrizes Orçamentárias, vamos sustentar e ampliar todos esses equipamentos
aqui citados em nossa exposição.
O
SAMU está dotado de doze unidades móveis altamente equipadas, vinte e oito
equipes de motoristas e auxiliares de enfermagem, treze enfermeiros e quinze
médicos, todos especializados em socorro de emergência. Atende hoje, em média,
oitenta emergências por dia. Em três anos de funcionamento já é modelo
internacional, operando em cooperação técnica com os serviços de saúde da
França. O SAMU, hoje, é o único serviço público no Rio Grande do Sul capaz de
transportar pacientes de UTIs. São três anos de experiência. No quarto ano, do
Orçamento que eu discuto, nós temos convicção de que poderemos ampliar além das
doze unidades móveis. Nós poderemos fazer, como já estamos fazendo em outras
Secretarias, como é o caso da Secretaria Municipal de Transportes, um trabalho
preventivo para que não tenhamos a desgraça, a dor de pessoas que muitas vezes
vão ao Hospital de Pronto Socorro por falta de precaução no nosso próprio
trânsito.
Além
disso, cabe ressaltar que implantamos, nesse ano, a Central de Marcação de Consultas,
que faz com que nós tenhamos um grupo de funcionários trabalhando
permanentemente, e isso provoca ônus para o Município. Parte do nosso Orçamento
é para pagar esses funcionários. E todos aqui sabem, e a Bancada do PT é a
primeira a reconhecer, que nós ampliamos o número de funcionários na área da
saúde.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Vereador, quero concordar com V. Exa.: saneamento é saúde, só
que o saneamento em Porto Alegre é pago por toda a população, até com taxa de
pluvial. Imagine V. Exa. que inúmeras tantas obras se quarenta e poucos milhões
de reais que deveriam estar no Orçamento da Saúde fossem colocados na forma da
Lei Orgânica. Saúde e paz!
O SR. ADELI SELL: Evidente, Vereador. V. Exa. sabe muito
bem que este Vereador concordou na Sessão passada - concordará novamente, sem
problemas - que nós cobramos a taxa de esgoto, mas nós aplicamos em saneamento
básico.
Vamos
fazer um debate? Vamos correr para a discussão nacional, estadual e local? Muito
bem. Façamos, então, e atendemos o seu pedido: no Estado e na Federação. Na
Federação se cobra CPMF, dinheiro esse que deveria ser aplicado na saúde e não
o é. E agora o Governo, nesse novo pacote, quer aumentar a verba. Então, vamos
discutir o Orçamento de Porto Alegre. Muito bem, Ver. Sebenelo, vamos discutir
o Orçamento de Porto Alegre, mas não foi este Vereador que fez a provocação
sobre os números. Eu discuto, sim, os números de Porto Alegre. São 346 milhões
de reais para a saúde. É assim que se trata o povo de Porto Alegre, e aqui
estão os números. Vou continuar a minha explanação, colocando exatamente o que
acontece na saúde pública do nosso Município.
Porto
Alegre tem o único serviço público de atendimento odontológico completo do
Estado. Há outros, mas não são completos. Os procedimentos duplicaram, a
prevenção triplicou nos últimos três anos e, com o novo Orçamento, daremos um
salto de qualidade. Em 1997, por exemplo, foram setecentos e quatro mil
procedimentos, quase o dobro dos trezentos e dez mil feitos em 1994. As
consultas preventivas com os dentistas passaram de cinqüenta e seis mil para
cento e setenta e quatro mil. Isso se chama aplicar dinheiro público em
prevenção de saúde, é correr na frente, é cuidar para não adoecer. Porto Alegre
tem o único programa para crianças e adolescentes que usam drogas, um convênio
com a UNICEF e a Prefeitura.
Porto
Alegre ampliou, e muito, o número de consultas e atendimentos nos postos da
Capital. Um exemplo é a Lomba do Pinheiro: quatro vezes mais atendimento, Ver.
Décio Schauren. Antes da
municipalização, eram apenas duas unidades e dois anexos na Lomba do Pinheiro.
Hoje são seis serviços e está em processo de instalação uma nova base do SAMU.
As consultas médicas saltaram de oitocentos e quatro por mês, em agosto de
1996, para três mil, seiscentos e
sessenta e oito em março de 1998. Passaram, por ano, de nove mil, seiscentos e
quarenta e oito consultas para quarenta e quatro mil, ou seja, é assim que se
discute o Orçamento, mostrando números e não apenas palavras, porque no
Orçamento - aprendi na Comissão de Economia, Finanças e Orçamento - mais
valem os números do que as palavras soltas ao léu.
No
Centro de Saúde Bom Jesus, já foram cento e cinqüenta e um mil atendimentos de
janeiro a julho de 1998, com um orçamento menor do que esse que teremos em
1999. Portanto, Bom Jesus sabe que teremos mais do que cento e cinqüenta mil
atendimentos nos próximos seis meses. No Pronto-Atendimento da Cruzeiro do
Sul, na Zona Sul, estão sendo feitos,
em média, treze mil e oitocentos atendimentos em consultas por mês, ou cento e
sessenta e cinco mil no ano.
Durante
a campanha “Porto Alegre respira aliviada”, contra as doenças de inverno, foram
feitas, aproximadamente, oito mil nebulizações. Na saúde mental, sete mil consultas
por mês, incluindo a Capital e o Interior.
Aqui
faço uma pausa para insistir: Porto Alegre atende os seus cidadãos, suas
cidadãs. Porto Alegre atende o povo do Rio Grande do Sul. Aqui todos são iguais
perante a lei. Aqui a saúde é um direito de todos. Aqui a saúde é um dever do
Estado. O Estado, em Porto Alegre, é a Prefeitura Municipal, e quem governa é a
Frente Popular. Eu tenho orgulho, meus caros Vereadores, de pertencer à Frente
Popular. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O
Ver. Cláudio Sebenelo está com a palavra para uma Comunicação de Liderança.
O SR. CLÁUDIO SEBENELO: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, eu
gostaria de abraçar e cumprimentar o Ver. Adeli Sell efusivamente por dar vazão
à sua veia poética e à sua imaginação criativa nesta ilha da fantasia criada
pelo Vereador da Secretaria da Saúde do Município. Só que o Vereador, quando
voltar como um nefelibata, das nuvens, e vir para a realidade, certamente vai
ser obrigado a dizer que mais de 90% do que se faz em saúde em Porto Alegre é
feito pelo Ministério da Saúde e Secretaria Estadual da Saúde. Enquanto a
Secretaria Estadual tem cinco grandes hospitais, sendo quatro em Porto Alegre e
um em Alegrete, a Secretaria Municipal da Saúde de Porto Alegre tem apenas um
hospital, que é o Hospital de Pronto Socorro, e que, segundo o Conselho
Regional de Medicina, no mês de julho deste ano, estava sucateado, Ver. Adeli,
depois de dez anos de administração do PT. É impossível dizer que foi herança
da administração anterior. Conhecem-se, aqui, os exemplos famosos da qualidade
de atendimento dos quatro hospitais do Grupo Hospitalar Conceição e treze
postos de saúde. A Cidade de Curitiba tem noventa e cinco postos de saúde, e
eles prometem construir cinco!
Foram repassados à Administração Popular, em
1996, pelo então Governador Antônio Britto, cinqüenta e seis postos de saúde.
Pois esses sete grandes hospitais são financiados, garantidos, sustentados por
seus funcionários, somando 400 milhões de reais por ano, afora o valor do SUS
que vem para Porto Alegre. Grande parte do faturamento do Hospital de Pronto
Socorro vem do Sistema Único de Saúde. Pois o tão mal falado, pela Bancada do
PT, Ministério da Saúde sustenta mais de 50% da saúde em Porto Alegre.
O
Instituto de Cardiologia, que é modelo, que é exemplo, é sustentado, garantido
pela Fundação Universitária de Cardiologia, cujo acionista maior é a Secretaria
da Saúde do Estado do Rio Grande do Sul.
Hoje
nós temos a grata satisfação de ter, junto a nós, o Ver. Henrique Fontana, que
saiu da Secretaria Municipal de Saúde. E saiu, coincidentemente, no auge da
crise do Pronto Socorro Municipal, que estava sucateado. Ele dizia que não
estava!
Um
jogo de palavras se usa neste debate, feito desta forma por uma aberração do
Regimento, ou por uma inadaptação, ou por uma insuficiência do Regimento. Este
Vereador, em Comunicação de Líder do PSDB, tem cinco minutos, enquanto os
quatro Vereadores que se inscreveram na Pauta Especial contaram com quinze
minutos cada um. Uma hora só para os Vereadores do Partido dos Trabalhadores!
Por isso, estamos pedindo que o nosso Regimento sofra uma reforma. Como está,
não se estabelece o diálogo. Ouviu-se só de um lado o “sonho de uma noite de
verão” que foi o pronunciamento do Ver. Adeli Sell. Ele não disse, por exemplo,
que há uma crise grave no atendimento da Unidade Bom Jesus. Sobre ela ele
disse: “Está uma maravilha; nós a reformamos; foram feitas oito mil
nebulizações.” Ora, desgraçadamente, o diálogo não pode acontecer com
igualdade, porque, por Comunicação de Líder, em apenas cinco minutos, nós não
podemos responder aos sessenta minutos da Pauta Especial, ocupada,
integralmente, pelos partidos da Frente Popular.
Nós
chegamos aqui, hoje, quinze minutos antes do início da Sessão e não conseguimos
nos inscrever na Pauta Especial. Eu penso que essa Pauta deve ser limitada a
dois Vereadores por partido. Nesse caso, dar-se-á um debate saudável, em que
haja ponto e contraponto, opinião e contra-opinião para a população de Porto
Alegre julgar a grande falácia que é a falta de uma política municipal de
saúde, fato que vimos denunciando desde que assumimos o cargo de Vereador há um
ano e nove meses. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Carlos Alberto Garcia está com a
palavra para uma Comunicação de Líder do PSB.
O SR. CARLOS ALBERTO GARCIA: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, ouvi
atentamente as manifestações. Falou-se muito em saúde, em habitação, mas, lendo
os jornais de hoje, de todo o Brasil, mais uma vez não conseguimos entender por
que o Governo Federal não faz o anúncio do tão esperado “pacote fiscal”. Ele
deve estar esperando o segundo turno, pensando conseguir eleger um ou outro
Governador que possa dar sustentação maior ao seu governo. Está estampado,
hoje, em grande parte dos jornais deste País, que o Ministério da Educação
bloqueou 57% das verbas federais.
Imaginem
os senhores e senhoras que, até o presente momento, final do mês de outubro,
milhares de alunos, acadêmicos deste País, estão esperando que o Governo Federal
anuncie o Crédito Educativo Federal. O Crédito Educativo Federal do ano de 1998
ainda não foi homologado pelo Governo Federal. Tenho certeza de que deverá
fazê-lo ainda este ano, sob pena de milhares de alunos não poderem continuar
com os seus estudos universitários.
Além
disso, hoje a “Folha de São Paulo” diz que a merenda escolar no Brasil vai
ficar sem 150 milhões de reais. Ou seja: centenas de Municípios deste País vão
deixar de receber a merenda escolar. Pergunto: um país como o nosso, que muitas
e muitas vezes só consegue segurar os alunos na sala de aula através da
merenda, de uma hora para outra sofre esse corte drástico! O Governo Federal
está deixando de dar às Prefeituras 150 milhões de reais. Além disso, com esse
corte de 57%, inúmeros hospitais também deixarão de atender seus pacientes. Vou
ler o que diz um dirigente do nosso Hospital de Clínicas, que, pelo menos, está
tendo a ousadia de contrariar a orientação do Governo Federal.
O
Vice-Presidente Administrativo do Hospital de Clínicas da Universidade Federal,
Sr. Paulo Serpa, diz: “Estamos proibidos de fazer gastos até o final de
outubro, mas, como tratamos de vidas, estamos gastando, mesmo tendo que
infringir a legislação.”
Gostaria
de parabenizar o Vice-Presidente do Hospital de Clínicas por entender que a
vida está acima desses valores. Pergunto: quantas vidas estarão perdidas sem
150 milhões para a merenda escolar? Nós sabemos que muitas vezes é a única
alimentação desses alunos em sua jornada diária de trabalho escolar. Enfatizamos:
queremos que a bancada governista venha aqui e diga quando o Governo Federal
vai instituir o Crédito Educativo para 1998 e, aí sim, talvez, depois de
segunda-feira, venha o pacote fiscal mostrando, já que o Governo diz e se
comprometeu com o FMI de fazer cortes na ordem de 25 milhões de dólares.
Senhoras
e senhores, mais uma vez estamos preocupados. Mexer com educação e alimentação,
tirando o conceito básico de merenda das crianças, é algo com o que nós, do
Partido Socialista Brasileiro, não podemos compactuar, tendo em vista a
situação atual.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Reginaldo Pujol está com a palavra
em Comunicação de Líder.
O SR. REGINALDO PUJOL: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, eu ouvi
atentamente a manifestação do meu ilustre colega Ver. Carlos Alberto Garcia,
Líder do Partido Socialista Brasileiro nesta Casa, e que nos convocava para
alguns esclarecimentos a respeito do retardamento na liberação dos recursos do
Crédito Educativo por parte do Governo Federal. Eu devo reconhecer, Sr.
Presidente, antes de mais nada, a honestidade da cobrança do Ver. Carlos
Alberto Garcia, professor vinculado a uma escola de nível superior que deve
conviver, com freqüência, com os alunos que têm dificuldade para pagar o preço
das anuidades que lhes são cobradas e que são, seguramente, abusivas, tendo em
vista a realidade econômico-financeira por que passa a Nação no momento
presente.
Em
verdade, Sr. Presidente, o tema crédito educativo tem ensejado a maior polêmica
nesta Casa. O Ver. Carlos Alberto Garcia somou-se a nós - a mim e ao Ver. Nereu
D’Ávila - na tentativa de comprometer também o Executivo nessa tarefa, porque
acreditamos - e ele concorda conosco - que não cabe, neste momento, estar-se
jogando responsabilidade para um ou outro segmento da Administração, eis que
todos são unânimes em dizer que a educação é prioritária. E se o Governo da
União está retardando na liberação do recurso para o Crédito Educativo, mantido
quase que exclusivamente com recursos federais, não há de ter o nosso apoio nem
o nosso aplauso. E aí eu faço um apelo ao Ver. Carlos Alberto Garcia, que agora
está unido ao movimento que propõe a mudança do Governo do Estado, que procure
gestionar com os seus aliados da ocasião, que eles também oferecessem uma
contribuição ao Município de Porto Alegre, onde não há só um retardamento na
execução da liberação do recurso; há, mais do que isso, um retardamento
inexplicável na própria instituição do Crédito Educativo Municipal, pois se
tarda e é pequeno e é mal dimensionado na parte do Governo Federal, e se tarda
e é pequeno e mal dimensionado no Governo do Estado, quando chega na área do
Município, que está pretendendo exportar para o Estado uma nova proposta de
administração, é completamente inexistente.
Então,
Ver. Carlos Alberto Garcia, eu acho que nós temos que nos cuidar num
particular. Eu tenho procurado manter uma coerência nos meus pronunciamentos.
Sabidamente, eu sou do PFL, tenho posição clara, apóio o Governo Federal,
compreendo as suas mazelas no quadro geral que vive o mundo nos dias atuais e
acho que, como eu, milhões de brasileiros compreendem, tanto que reelegeram no
primeiro turno o Presidente Fernando Henrique Cardoso na convicção de que a
maioria do povo brasileiro ainda entende que ele seja a melhor alternativa, em
que pesem muitos, como eu, terem algumas posições críticas com relação a alguns
aspectos da sua administração.
Não
obstante, Sr. Presidente, de eu ter essa opinião absolutamente aberta com
relação ao governo que eu apóio, eu não tenho, em cima desse fato, em cima de
um radicalismo que naturalmente surge numa eleição disputada como essa,
procurado, em cima de fatos absolutamente conjunturais, tirar partido ou buscar
tirar alguma vantagem. Hoje mesmo a imprensa diz que o decantado projeto do
reassentamento dos moradores da Vila do Cristal não está se consumando porque
não há residência em número suficiente para atender a demanda que havia sido
anunciada. Tudo isso são realidades. O que eu vou dizer ao Ver. Carlos Alberto
Garcia, com todo o respeito que tenho por ele, é que, de certa maneira, já
estabeleci que o silêncio é obsequioso, usando até expressão religiosa, nesta
Casa, porque entendo que neste momento fica difícil discutir com racionalidade
algumas coisas. Mas, na semana que vem, vou estar aqui, como sempre estive,
para rediscutir este País, o qual será governado pelo Fernando Henrique, onde
se insere este Estado que eu ainda espero que continue sendo governado por
Antônio Britto. Se não o for por decisão democrática das urnas, vamos discutir
o novo quadro do Estado que será criado. Eu sempre digo que, até quando o povo
erra, acerta.
Mas
eu não vou fazer injustiça, Presidente Luiz Braz, a esse jovem, competente e
dinâmico Ver. Carlos Garcia, de achar que ele tenha vindo hoje, a quarenta e
oito horas da eleição, fazer um discurso eleitoreiro. Não farei essa injustiça.
Eu sei que ele é um homem sincero, como eu estou procurando sê-lo no debate.
Acho que, em matéria de Crédito Educativo Municipal, quem hoje sustenta a
bandeira da Frente Popular não pode fazer grandes cobranças, Ver. Carlos
Alberto Garcia, porque nessa a dívida é plena, total e absoluta. Muito
obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Renato Guimarães está com a
palavra em tempo de Pauta Especial.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, em
primeiro lugar, alerto aos Vereadores descontentes que, nesta Casa, nós temos
nove bancadas, e o Partido dos Trabalhadores, muitas vezes, se vê na situação
de ter a grande maioria dessas bancadas usando Liderança contra o projeto
governamental e nem por isso nós reclamamos e dizemos que a Casa não é
democrática. Portanto, aos que reclamam do uso da Pauta, peço que, na
sexta-feira ou na segunda-feira, cheguem mais cedo e se inscrevam. E foi o que
fizemos hoje. Portanto, ocupamos a grande maioria da discussão de Pauta.
Gostaríamos
de começar o debate sobre o Orçamento da Cidade registrando ao Plenário que
este ano envolveram-se na discussão do Orçamento mais de trinta mil cidadãos
desta Cidade. Envolveram-se não só marcando um “x” num papel, como foi a
consulta dita “democrática” que o Governo do Estado fez. Envolveram-se
participando de reuniões que vão desde a sua comunidade, na suas vilas, nas
suas ruas, onde o morador participa defendendo a sua prioridade, a sua necessidade,
até as reuniões temáticas e regionais, onde são deliberadas as demandas que são
encaminhadas ao Prefeito. Muito diferente da tal “consulta” em que o morador
marcava um “x” num papel, parecendo estar ali consolidada a participação do
cidadão do Rio Grande do Sul num processo de construção de um orçamento. O
Orçamento do Estado, aprovado na Assembléia Legislativa, nem esse é cumprido
pelo Governo.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. Renato Guimarães, eu gostaria que V. Exa., que fala com
tanto empenho e entusiasmo, falasse um pouco da política de salários para os
municipários e sobre o que está previsto no Orçamento. E que falasse, também,
das cartas-contrato, que são em tão grande número. Eu gostaria de saber se o
Orçamento Participativo também autoriza as cartas-contrato, que chegam a
dezenas e até a centenas. Eu gostaria de lhe ouvir, já que V. Exa. sabe que sou
seu admirador.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Colega Ver. João Dib, no conjunto da
explanação que iremos fazer, com certeza vamos tratar desse assunto.
Continuo
registrando que, este ano, na proposta encaminhada à Casa, a Administração
Municipal gastará com educação 31.93%, proposta essa que segue a Constituição
Federal, que manda gastar mais de 15% e segue a Lei Orgânica do Município, que
manda gastar, no mínimo, 30% com educação. Na área da saúde, nos últimos dez
anos, o nosso Governo gastou, na média, 14%
do seu orçamento com saúde. Este ano encaminha uma proposta para a Casa de
13, 7% para gastos nessa área.
Gostaria
de fazer outro registro, Sr. Presidente e Srs. Vereadores: que o próprio
Ministério da Saúde, em documento encaminhado ao Rio Grande do Sul, faz a
seguinte afirmação: “O Rio Grande do Sul foi o Estado que gastou” - prestem
atenção Srs. Vereadores - “o menor percentual em aplicações de verbas no País
destinadas às políticas de DST-AIDS.” Infelizmente, nós temos os efeitos deste
pouco uso de recursos com o número assustador de casos de AIDS no Rio Grande do
Sul. O Estado que teve o pior desempenho na política de DST-AIDS, Ver. Dib, foi
o Rio Grande do Sul. Isso quem diz é o Ministério da Saúde em documento
encaminhado à Secretaria do Estado.
Gostaria,
também, Ver. Sebenelo, de fazer o registro de que o próprio Ministro da Saúde,
José Serra, disse que a CPMF, contribuição do imposto do cheque para a saúde,
está sendo desviada para pagar juros da conta do Governo Federal, Ver. José
Valdir. Não está sendo aplicada em saúde. Portanto, tem conseqüências no
repasse de verbas para o Orçamento municipal. Vamos fazer um debate
democrático, Ver. Sebenelo, pois não estamos fazendo um debate sobre o
Orçamento municipal só com as receitas do próprio Município. Estamos fazendo
com as receitas que recebemos tanto da União como do Estado. Então, eu registro
aqui que, tanto na política de DST-AIDS como na política de repasse dos
recursos da CPMF, que foram todos totalmente desviados e encaminhados para
pagar contas do Governo, pagamentos de juros das dívidas do Governo e não para
aplicar em saúde...
Gostaria
de continuar na apresentação da proposta das despesas do Governo registrando que esse ano, no total das
despesas do Município, 21% destas despesas serão com obras para a Cidade e
compra de novos equipamentos. O que representa isso? Representa que a Cidade
cresce e adquire mais qualidade de vida, porque está sendo ampliada sua
infra-estrutura, está sendo melhorado o serviço da Cidade. Portanto, mais um
registro: 21% das despesas com o Município serão com novas obras e novos
equipamentos que serão comprados para Porto Alegre.
Gostaria
também de continuar no debate, e hoje foi trazido a esta Casa pelo visitante
que ocupou a Tribuna Popular o debate sobre a questão habitacional. Gostaria de
lembrar à Casa que Porto Alegre herdou problemas, e não poderia ser diferente.
É a Capital do Estado e muitos convergem para cá, pois todo cidadão deste
Estado que perde a esperança de uma melhoria no Interior converge para cá. Faço
o registro porque é política habitacional a remoção e a colocação de pessoas em
casas dignas, em loteamentos dignos. As famílias que moravam na Sertório... Ou
os Vereadores não se lembram que Porto Alegre herdou uma vila que se estendia
quase da Assis Brasil até a Farrapos, a chamada Vila da Sertório? Essa vila foi
removida e colocada no Loteamento Wenceslau Fontoura, e convido os Srs.
Vereadores a fazer a visita para conhecer a qualidade de vida que se tem lá.
Vamos para o registro de uma situação mais próxima, que é a Vila Cai-Cai, junto
ao Rio Guaíba.
O Sr. Cláudio Sebenelo: V. Exa. permite um aparte?
O SR. RENATO GUIMARÃES: Eu não dou aparte. Nós tínhamos um
problema ali que afetava mais de quinhentas famílias junto ao rio, na Vila
Cai-Cai. Onde eles estão morando? Estão morando no Loteamento Cavalhada, com
toda infra-estrutura, com posto de saúde, com creche, com escola. Isso não é
política habitacional? É política habitacional, portanto, o conjunto dos
financiamentos que aprovamos nesta Casa, do FUNPLATA. Para fazer um debate
sobre política habitacional, Sr. Presidente, nós não podemos ficar só
trabalhando com números. Nós temos que trabalhar com realidade, com famílias,
com comunidades que foram tiradas do meio do lodo, Ver. Reginaldo Pujol, e
colocadas em loteamentos que começam a construir o resgate da dignidade dessas
famílias, e isso é política habitacional. Nós registramos aqui que tivemos um
estado de direito há trinta anos que, sim, no milagre brasileiro, mandou
recursos para os Municípios para construírem grandes conjuntos habitacionais.
Mas, a partir da dita abertura, esses recursos escassearam e não tivemos mais
envio de grandes recursos para os Municípios para a construção de projetos
habitacionais, e as Prefeituras, não só a de Porto Alegre, mas as de todas as
capitais, vivem esse problema da falta de repasse federal para a política
habitacional. E aí a Prefeitura de Porto Alegre é uma heroína, o cidadão de
Porto Alegre é um herói, porque com muito pouco recurso próprio está fazendo
política de resgate da cidadania pelo caminho da moradia.
O Sr. Reginaldo Pujol: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Tenho ouvido V. Exa. fazer, com muito entusiasmo, um verdadeiro
relatório da Administração Municipal e entendo que a área de habitação popular
tem sido extremamente deficiente, até não aproveitando recursos substanciais que
esta Casa tem viabilizado. No ano passado, aprovamos aqui uma autorização para
contratação de financiamento na ordem de 22 milhões de reais e não vejo, nesse
período, a construção de outras residências, a não ser essas que estão sendo
objeto da negociação com o grupo MULTIPLAN, que é a única construção que se
verifica no ano de 1998 por parte da Administração Popular. Então, V. Exa., que
está fazendo esse relatório da Administração Popular, essa autodefesa, por
gentileza, explique-nos por que não aproveitaram os 22 milhões de reais
viabilizados e possibilitados pela Casa para jogar na habitação popular em
Porto Alegre.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Ver. Reginaldo Pujol, retruco V. Exa.
dizendo que esses recursos estão sendo usados. Agora, gostaria de colocar aqui
que a concepção que este Vereador e a que o Ver. Reginaldo Pujol tem sobre
habitação é totalmente diferente. Por exemplo, no meu entender, fazer
regulamentação fundiária em vilas que estão totalmente irregulares há cinqüenta
anos nesta Cidade é fazer política habitacional. E o Vereador está sendo
convidado por mim para visitar as Vilas Pinto, N. Sa. de Fátima, o Campo da
Tuca, Cosme e Damião, um conjunto de vilas em Porto Alegre onde está sendo
feita a regulamentação fundiária, o que significa abrir becos, que é fazer o
mapeamento topográfico das vilas, que é poder passar para o cidadão que mora
nessa vila onde ele mora.
O Sr. Reginaldo Pujol: V. Exa. me permite um aparte?
(Assentimento do orador.) Aceito o convite, mas também formulo o convite para
que V. Exa. me acompanhe nas vilas onde há vinte anos já se fez isso que V. Exa. está falando, e se fez melhor.
Gostaria que V. Exa. fosse na São Gabriel, Nova Santa Rosa, Santo Agostinho,
São Borja, enfim, mais de cinqüenta loteamentos que nós urbanizamos em
condições dignas na Cidade de Porto Alegre.
O SR. RENATO GUIMARÃES: Com certeza, nessa discussão de
habitação, temos uma contrariedade muito grande. A Prefeitura de Porto Alegre
herdou das administrações passadas uma cidade que tinha duzentas e quarenta vilas
em situação irregular. Portanto, dizer aqui que as administrações passadas
regularizaram vilas... A Vila Planetário foi regularizada em qual governo?
Eu
gostaria de registrar que não estamos fazendo um debate que iniciou aqui. Esse
debate começou em março e contou com a participação ativa de trinta mil
cidadãos desta Cidade, que elaboraram essa proposta que está em nossas mãos.
Por esse motivo, apelo à sensibilidade de todos os Vereadores para analisarem
essa proposta com cuidado, com muito carinho, e que, ao final de novembro,
possamos votar essa proposta e possamos dar mais esse presente à Cidade de
Porto Alegre. Precisamos consolidar o Orçamento Participativo e fazer com que a
Câmara tenha um papel muito importante nesse processo todo. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. José Valdir está com a palavra
para discutir a Pauta Especial.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, nos
próximos pronunciamentos, nem que eu tenha que chegar ao meio-dia, visto que sou
membro de uma bancada grande, a Bancada do PT, que dispõe do mesmo tempo de uma
bancada pequena - não sou Líder -, eu pretendo abordar o assunto da saúde, da
habitação e também da assistência social. Hoje eu vim a esta tribuna para
discutir a questão do Orçamento ligada à educação. E quero fazer a abordagem
desse assunto traçando um paralelo entre a questão da educação no Estado, no
Município de Porto Alegre e da Prefeitura de Porto Alegre, não só porque este
tem sido o debate proposto pela oposição, aqui, quando alega que o Município de
Porto Alegre não vem investindo em educação, mas porque a própria Constituição
Federal diz que mesmo para o ensino de I grau, que é prioridade no Município,
tem que haver a cooperação técnica e financeira do Estado.
Eu
vou começar o meu pronunciamento dizendo que, pela legislação atual, tanto pela
Constituição como pela Lei de Diretrizes Orçamentárias, é prioridade dos
Municípios o atendimento à pré-escola e o atendimento ao I grau. O II grau não
é prioridade dos Municípios e muito menos o III grau, com a história do Crédito
Educativo.
O
que está acontecendo com os Municípios é que, pela ausência de política em
nível federal e estadual, cada vez se forçam mais os Municípios não só a
assumirem sozinhos as suas prioridades, como se fossem exclusividades, mas a
assumir atribuições que não são suas. Nós temos feito debates nesta Casa, e até
há pouco se falou aqui em crédito educativo para o III grau. Do Orçamento da
Prefeitura, 139 milhões, 380 mil e 290 reais são destinados à educação,
correspondendo, exatamente, a 31% das receitas provenientes de impostos de
transferências, além, portanto, do que manda a Constituição Federal e do que
manda a Lei Orgânica do Município.
Aí,
eu já começo a estabelecer o primeiro paralelo, que tem a ver com o Município
de Porto Alegre, porque o Estado, ao contrário do Município, não vem cumprindo
a Constituição Federal - isso tem a ver com todos os Municípios e com o
Município de Porto Alegre - e não vem cumprindo a Constituição Estadual. Porque
o ano em que aplicou mais foi no ano de 1989, que aplicou 18,27%. E agora, em
1997, baixou para 8,97% da receita de impostos. A própria previsão orçamentária
do Estado é menor do que mandam as duas Constituições, tanto a Constituição
Federal, que manda o Estado aplicar 25% do seu Orçamento, como a Constituição
Estadual, que manda aplicar 35% da receita em educação. E o Estado não só gasta
menos, como na própria previsão orçamentária já descumpre a lei. Esses projetos
são aprovados na Assembléia Legislativa e prejudicam os Municípios, inclusive o
Município de Porto Alegre. Este é o primeiro paralelo que quero estabelecer.
O
segundo paralelo que quero estabelecer é que se diz muito, nesta tribuna, que o
nosso Município de Porto Alegre parece que não vem assumindo suas
responsabilidades, que parece que o Estado é que faz tudo em matéria de
educação. Quero lembrar aos Srs. Vereadores que Porto Alegre, como Capital do
Estado, herdou uma situação histórica, o famoso convênio que só deixou de
existir no Governo Collares, onde o Município de Porto Alegre construía as
escolas e entregava para o Estado. Boa parte do número excessivo de
participação, ou a participação percentual maior que o Estado tem na educação
em relação ao Município, é uma herança histórica oriunda deste convênio, que
foi encerrado no Governo Collares. Agora, de lá para cá, no Governo da
Administração Popular, o que quero demonstrar com os números é que o Município
vem aumentando sua participação na prioridade estabelecida pela Constituição,
no ensino fundamental, enquanto que o Estado vem decaindo.
Vejam
os senhores: vamos pegar a educação infantil, de zero a seis anos. Em 1985,
final do Governo João Antônio Dib, o total de matrículas na educação infantil
era de um 1.248, somando os jardins de praça e os jardins de escola. No ano
passado, encerramos com 6.862 matrículas, o que significa um aumento muito
grande na educação infantil, sendo que introduzimos as escolas infantis e
mantivemos o que já existia. Logo, houve um crescimento enorme na educação fundamental,
ensino de I grau. No Governo João Antônio Dib havia 10.320 matrículas. No ano
passado, fechamos com 38.653 matrículas. Isso fecha também com o número de
estabelecimentos. No Governo João Antônio Dib havia sete escolas infantis em
1985. Em 1997, temos trinta e um estabelecimentos de escolas infantis. Com
relação às escolas de I grau, eram treze no Governo João Antônio Dib, e em 1997
fechamos com quarenta e duas escolas. Isso significa que, se somarmos o II
grau, o número de estabelecimentos em Porto Alegre cresceu, de 1985 a 1997, o
percentual de 295%; a matrícula inicial aumentou 247% no mesmo período. Se
pegarmos só o I grau e fizermos um comparativo com o Estado, vamos ver que o
Estado, que tinha, em 1985, duzentos e
vinte e oito estabelecimentos de ensino, fechou, em 1997 - portanto, passando
pelos Governos Jair, Simon, Collares e Britto -, com duzentos e trinta e seis
estabelecimentos. O Município passou de treze para quarenta e duas escolas.
Isso significa que o Estado teve um crescimento no número de estabelecimentos
de 3,51% no I grau, enquanto o Município aumentou em 223,08% o número de
estabelecimentos. O número de matrículas é mais significativo porque mostra
qual foi a política e a qualidade de ensino. O Estado teve, no período de 1985
a 1997, um leve aumento no número de estabelecimentos, mas o número de
matrículas decaiu. Decaiu de cento e trinta e um 1.808 matrículas, em 1985, para 12.486 matrículas. Decaiu o número de matrículas, embora
tenha aumentado o número de estabelecimentos, enquanto que o Município aumentou
de 10.320 matrículas para 35.076. Portanto, o número de matrículas no Estado,
nesse período, decaiu, "cresceu", como diz o gaúcho, "como rabo
de cavalo: para baixo" - menos 1,76% -, enquanto que o Município aumentou
239,88%.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Nobre Ver. José Valdir, V. Exa., que está sendo ouvido por mim com
muita atenção, não está sendo muito justo comigo. Até 1985, o Município fazia
os prédios e entregava ao Estado. Tínhamos treze escolas, em média mil alunos
por escola, e essa média gostaria de dizer que fosse mantida - todos eles com
merenda, todos com serviços essenciais para que fossem bom estudantes. Devo
dizer a V. Exa. também que, em 1993 e 1995, nas contas que analisei, a
Prefeitura não aplicou os 30% da Lei Orgânica na educação. Já mandei ver em
1998 para saber se aplicou ou não.
O SR. JOSÉ VALDIR: Se a Prefeitura não aplicou, andou ali.
Agora, o Estado está aplicando pela metade, está reduzindo os gastos da educação,
às vezes em um terço, e isso tem reflexos no Município. Só para fechar esse
assunto, porque vêm Vereadores aqui passar “gato por lebre”, de que o Estado
aumenta a sua participação no ensino de I grau e o Município diminui, quando é
exatamente o contrário. Esse gráfico mostra, exatamente, que o Município, que
em 1985 participava com 7% do total das matrículas de I grau, passou para 21%,
e o Estado diminuiu a sua fatia. Isso é o que está acontecendo.
Mas
não quero ficar nesse dado. Quero ver a qualidade também. O percentual de
evasão no I grau - 6,6 em 1985 - baixou para 5,02 em 1997; o percentual de
reprovação, que era de 31%, baixou para 20% em 1996, e de aprovação, que era de
69% em 1985, aumentou para 80% em 1996. Isso mostra também a questão da qualidade
do ensino.
Nós
estamos fazendo gestão democrática e é absolutamente diferente do que está
sendo feito no Estado, onde o diretor para concorrer tem que participar de um
cursinho que é uma pré-seleção. Se fosse uma eleição, onde todos pudessem
concorrer e não se exigisse a qualificação de ter curso universitário, de ser
professor, o cursinho se justificaria, mas não no caso de eleição de diretores,
porque isso é um filtro político, é para cercear e dizer que aplica a gestão
democrática, que está resgatando a luta histórica do magistério, quando, na
verdade, não estão fazendo isso. É como o Ver. Renato referiu sobre o arremedo
do Orçamento do Estado: quer dizer, faz uma cópia xerox muito malfeita. Isso é
a mesma coisa que está acontecendo em matéria de educação. Estão tentando fazer
de conta que estão acatando aquelas bandeiras históricas, quando estão
desfigurando a luta dos trabalhadores da educação.
A Sra. Maria do Rosário: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) No Estado, os vice-diretores não são eleitos, só o diretor. É um
absurdo, a democracia é parcial! Só o diretor faz o cursinho, os vices não.
O SR. JOSÉ VALDIR: Voltarei ao tema da famosa questão do
Fundo. O Fundo do magistério é um absurdo! O Fundo é para descompromissar
professores da folha de pagamento, criando um ônus a mais para o professor da
ativa em 2%, com a venda da CRT, que colocaram dinheiro nesse Fundo, e com o
retorno do empréstimo para a GM. Muito obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Srs. Vereadores, este espaço deve ser
usado para discutir o Orçamento do Município de Porto Alegre. Esta é a pauta.
Não estão em discussão outros assuntos a não ser o Orçamento do Município de
Porto Alegre. Peço aos Srs. Vereadores que usarem a tribuna que se atenham a
esse tema.
O SR. JOSÉ VALDIR: Sr. Presidente, nesta questão da
educação, o Fundo tem a ver com o Município. Os comparativos que fiz da tribuna
têm a ver com o Município. Toda a responsabilidade constitucional pelo ensino
de I grau no Município de Porto Alegre é da União, dos Estados e Municípios.
O SR. PRESIDENTE (Luiz Braz): A Vera.
Maria do Rosário está com a palavra para discutir a Pauta Especial.
A
SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Sr.
Presidente, Srs. Vereadores, é quase impossível, mas vou fazer um grande esforço
para ficar limitada aos assuntos que dizem respeito ao Orçamento de Porto
Alegre, principalmente porque nós não podemos confundir, Sr. Presidente, uma
vez que os assuntos relacionados a Porto Alegre estão na ordem do dia nas
eleições estaduais. Nós vemos os debates entre os candidatos e vemos que o
debate não é só sobre o Rio Grande, mas a capital do Rio Grande do Sul, e que
temos a honra de representar, pois somos Vereadora desta Cidade, está no centro
dos debates, é o coração dos debates, é o coração dos questionamentos. Nos
sentimos honrados com isso e nos sentimos desafiados a conhecer ainda mais a
nossa Cidade e respondermos por ela.
Quero
registrar que durante um longo período a sociedade porto-alegrense se mobilizou
em torno da construção deste Orçamento. A peça que ora analisamos, que os Srs.
Vereadores têm às mãos, composta por diferentes matérias, projetos e peças da
Administração Direta, do DMLU, do DEMHAB, da FESC, do DMAE, foi trabalhada e
constituída a partir da sociedade, das dezesseis regiões da Cidade de Porto
Alegre e de plenárias temáticas que debateram sempre cem por cento do Orçamento
da Prefeitura Municipal de Porto Alegre. E aí me cabe a primeira comparação que
precisa ser feita: no ano passado, um arremedo de consulta popular foi feita em
Porto Alegre também - diz respeito a Porto Alegre -, foi feita pelo Governo do
Estado e foi de 1.5%.
Srs.
Vereadores, me permitam, nós estamos debatendo aqui um orçamento cem por cento
construído com a cidadania de Porto Alegre, um orçamento que tem Regimento, e
eu ouvi alguns Vereadores darem entrevista em algumas rádios e dizerem que quem
vota o Orçamento de Porto Alegre, no Orçamento Participativo, são os
funcionários da Prefeitura e os cargos em comissão da Cidade de Porto Alegre.
Eu quero dizer que isso não é verdade, tanto que aqui, no art. 28 do
Regimento do Orçamento Participativo,
que está no seu décimo ano - este
artigo é repetido ano após ano -, está escrito que não poderá ser delegado o
detentor de cargo em comissão na Administração Municipal ou detentor de mandato
eletivo no Poder Público.
Faço
questão, portanto, de referir que o Orçamento Participativo, por mais que os
nossos adversários o contestem, não conseguem desfazer a representatividade que
existe na própria sociedade.
Quero
dizer, Srs. Vereadores, como elemento que deve sensibilizar e compor esse
debate, que no ano passado, quando compomos o Orçamento de 1998, mesmo tendo
construído...
(Aparte
inaudível.)
Eu
pediria ao Ver. João Dib que tivesse paciência. Eu quero debater e avançar.
Ver. João Dib, eu não quero lhe permitir o aparte agora. Eu quero continuar
falando. Esse é o meu tempo. Depois eu lhe concederei o aparte. V. Exa. está
muito afoito hoje no Plenário. Está com muita pressa de debater. Mas permita-me
colocar meus argumentos.
Srs.
Vereadores e Sras. Vereadoras, o elemento para o qual, Ver. Isaac Ainhorn, eu
peço a atenção de V. Exa., tendo preparado esse argumento para debater com V.
Exas., é que no ano passado, quando preparamos e votamos o Orçamento Público de
Porto Alegre para o atual exercício, tivemos, neste Plenário, dezesseis emendas
apresentadas; onze emendas das dezesseis, dos Srs. Vereadores, foram aprovadas.
Sessenta e nove por cento, portanto, das emendas dos Srs. Vereadores foram
aprovadas e somente cinco delas foram rejeitadas. Essa é uma média de aprovação
absolutamente alta por quem quer debater com a sociedade, mas que não traz um
projeto pronto e fecha as portas para o diálogo no Plenário. Nós queremos
construir também no Plenário aquilo que é o melhor para a Cidade.
Vamos
comparar, Ver. Milton Zuanazzi, com a Assembléia Legislativa do Rio Grande do
Sul. Permitam-me fazer essa comparação. Foram 1.663 emendas apreciadas na
Assembléia Legislativa do Rio Grande do Sul, sendo que cento e vinte e quatro
eram emendas populares. Apenas vinte e três emendas foram aprovadas, ou seja,
são 1,4% das emendas dos Deputados e das emendas populares que ingressaram no
Orçamento Público do Estado. Quem é que não tem diálogo com o Plenário? Quem é
que não compõe com o Parlamento? Nós, em Porto Alegre, aprovamos 69% das
emendas dos Srs. Vereadores, articuladamente, Bancada do PT e bancadas de
oposição. No Governo do Estado, das 1.663 emendas apresentadas pelos Deputados
e pela comunidade, somente 1,4% fora aproveitadas. Eu não entrei ainda na
questão do Orçamento. Estou entrando nos métodos para o Orçamento e na nossa
construção coletiva com os senhores neste Plenário e coletiva, primeiro, com a
sociedade, porque a sociedade não põe fim ao diálogo. Quando o Orçamento Participativo
vem para o Plenário, ela continua debatendo. O que ela quer é a lisura do
processo que ela já fez respeitado.
Gostaria
de colocar algumas mentiras que tem sido ditas nos debates. Estou ansiosa para
dizer isso para vocês. Porto Alegre tem crescido muito. Fala-se muito mal de
Porto Alegre. Tem gente que sempre perdeu as eleições em Porto Alegre e fala
mal de Porto Alegre. Porto Alegre tem tido um valor adicionado no repasse do
ICMS de 1995 a 1997, que estabelece um incremento na ordem de 25%, ou seja,
entre 1995 e 1997, Porto Alegre está recebendo 25% a mais em incremento do
ICMS. Isso só é possível porque o desenvolvimento econômico em Porto Alegre
existiu nesse período. A verdade, Srs. Vereadores, é que a arrecadação do ICMS
caiu dramaticamente no Rio Grande do Sul. Em 1994, o Rio Grande do Sul
respondia por 8,3% do ICMS arrecadado no País; em 1997, por 6,7%. A arrecadação
em ICMS cai no Estado do Rio Grande do Sul, mas Porto Alegre mantém o seu nível
de repasse do Governo do Estado para a Cidade porque a economia da nossa Cidade
se desenvolve. Existem investimentos na própria Cidade. Nós estamos crescendo
como cidade, e isto é inegável. E isto só é possível, em que pese a queda no
ICMS, pela política de isenções fiscais, de renúncia fiscal do Governo do
Estado, uma política criminosa sobre a finanças públicas do Estado. Só é
possível Porto Alegre continuar recebendo porque cresce a economia em Porto
Alegre, e isso não está sendo dito. E muitas vezes - e agora quero cobrar antes
de dar o aparte ao Ver. João Dib - isso não está sendo destacado
suficientemente neste Plenário. E isso não é um trabalho somente da Prefeitura
Municipal, mas é um trabalho do conjunto da sociedade porto-alegrense,
desenvolvido também pela Prefeitura Municipal de Porto Alegre e por esta
Câmara. Temos que nos orgulhar disso e não podemos deixar quem quer que seja
desmerecer a Cidade de Porto Alegre nos debates que estão ocorrendo.
O Sr. João Dib: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
da oradora.) Nobre Vera. Maria do Rosário, ouço com muita atenção V. Exa. e
vou-lhe dar uma aula: o Orçamento Participativo pode aprovar os investimentos
da Prefeitura, mas não o Orçamento. O Orçamento quem aprova é a Casa do Povo de
Porto Alegre, a Câmara Municipal.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Gostei do aparte do Ver. João Dib. Não
concordo com ele, mas é um debate democrático. Tenho que discordar porque a
política que queremos construir não é a do parlamento vazio, que não tem
interlocução com a sociedade, não é a das galerias fechadas, não é a do
parlamento dono da verdade, mas é a do parlamento e do poder que é
compartilhado. Esta é uma revolução que V. Exa. agora conhece pelo lado
correto, pela democracia, pela esquerda.
O Sr. Pedro Américo Leal: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
da oradora.) Ilustre Vera. Maria do
Rosário, não vamos confundir as coisas. O Orçamento é do Prefeito, que é o dono
do Orçamento. Inventaram os Prefeitos do PT de que existe um Orçamento
Participativo. O que é que eu tenho a ver com isto? Nada. É uma forma de
administrar. Agora, V. Exa. dizer que temos que ouvir o Orçamento
Participativo, levar em conta o Orçamento Participativo?! Eu não levo em conta
o Orçamento Participativo. Não tomo conhecimento do Orçamento Participativo.
Desconheço o Orçamento Participativo. É uma coisa.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO: V. Exa. acha isto, mas eu quero dizer uma
coisa. Porto Alegre só é o que é hoje como cidade porque a sociedade
porto-alegrense participa, porque as comunidades participam. A Cidade de Porto
Alegre sofreu imensamente com a intervenção do período militar. V. Exa. sabe
disso! Nós somos uma cidade democrática, uma cidade que pulsa democracia.
O Sr. José Valdir: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
da oradora.) Eu acho que realmente estabelece uma diferença de método o
Orçamento Participativo. O Orçamento Participativo, quando vem para esta
Câmara, as galerias vêm para pedir a aprovação de alguma coisa que elas
participaram, diferente, por exemplo, do nosso Plano de Carreira do Magistério
Estadual, que foi para a Assembléia Legislativa, numa convocação
extraordinária, sem discutir com ninguém, com as galerias protestando contra.
Teve que ser votado, quase que secretamente, para cassar o direito histórico
dos professores. Realmente têm uma diferença os métodos como se mandam projetos
para a Assembléia Legislativa - o Governo do Estado tem feito isso - e como o
Prefeito manda os projetos para cá, a participação popular.
A
SRA. MARIA DO ROSÁRIO: Eu
quero registrar aos Srs. Vereadores que nós nos orgulhamos desses métodos e
dessa concepção de fazer política, não só porque dá certo, porque se administra
melhor, porque tecnicamente é melhor, mas porque estamos no poder para
compartilhá-lo com a população. Na verdade, o Orçamento, Srs. Vereadores...Ver.
Pedro Américo Leal, me permita, para poder concluir. V. Exa. é um homem
disciplinado, um homem de quartel. Agora eu estou no comando e quero concluir o
meu raciocínio. V. Exa. tem que ser disciplinado e garantir, Sr. Presidente,
que eu esteja aqui no comando.
Quero
dizer ao Sr. Ver. Pedro Américo Leal, com todo o respeito, que nós nos sentimos
gratificados pela crítica porque de fato compartilhamos o debate do Orçamento
Público com quem vive a Cidade de Porto Alegre, e há dez anos é assim. Quero
dizer que não concordo que o Orçamento é do Prefeito, não; que o Orçamento é
dos Vereadores, não. O Orçamento é da Cidade, assim como o Orçamento do Estado
é do povo do Rio Grande, que trabalha e que faz com que essa arrecadação seja
feita. E ainda, por isso, que não concordo com essas políticas de renúncia
fiscal que beneficiaram tão grandes e poderosos e penalizaram os pequenos,
aqueles que trabalham, as pequenas empresas, os servidores públicos, o
magistério estadual.
Srs.
Vereadores, eu quero referir neste final, para tranqüilizar o Ver. Pedro
Américo Leal, de que, mesmo não concordando com as posições do Vereador, temos
sempre trazido para dentro deste Plenário, junto com a comunidade, uma peça
orçamentária que debatemos, e aproveitamos as posições e opiniões da oposição.
Por isso, eu trouxe o exemplo, preparado pela nossa assessoria, de que 69% das
emendas dos Srs. Vereadores foram aproveitadas no Orçamento do Município.
Agora, por favor, Srs. Vereadores, ainda bem que esse Governo Estadual está nos
deixando, porque aprovar somente 1% das emendas apresentadas em Plenário pelos
Deputados Estaduais e as emendas populares é uma vergonha para um parlamento.
Significa que não tem interlocução com a sociedade.
Então,
estamos demonstrando que o Orçamento Participativo é melhor com a sociedade e é
melhor com o Parlamento. É melhor aqui conosco. E se V. Exas. que não gostam do
Orçamento Participativo conhecessem o Orçamento Participativo, fossem visitar
as plenárias - V. Exas não vão; não me contem histórias porque eu não tenho
encontrado nenhum dos senhores -, saberiam ainda mais sobre a Cidade. V. Exas.
conhecem bastante sobre Porto Alegre, mas saberiam ainda mais, porque o nosso
povo sabe muito e por isso tem que ser cada vez mais respeitado.
É
um bom debate este do nosso Orçamento. Procuramos dizer algumas coisas sobre
Porto Alegre, e eu espero que alguns, que têm falado muito sobre Porto Alegre
sem conhecê-la e sem gostar dela, porque sempre foram derrotados nas eleições,
resolvam repensar os seus conceitos. Muito obrigada.
(Não
revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Encerrada a Pauta Especial, passamos à
PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR
1ª SESSÃO
PROC.
2826/98 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 144/98, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que
denomina Rua Dreifus José Bernardes um logradouro irregular localizado no
Bairro Hípica.
PROC.
2827/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 145/98, de autoria do Ver. Reginaldo Pujol, que
denomina Rua Pedro Aniceto de Souza um logradouro irregular localizado no
Bairro Hípica.
PROC.
2902/98 – PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 147/98, de autoria do Ver. Décio Schauren, que
denomina Rua Saint’Hilaire um logradouro irregular localizado no Bairro Lomba
do Pinheiro.
2ª SESSÃO
PROC.
2893/98 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 006/98, que revoga o § 3º do art. 126 da Lei
Complementar nº 133, de 31 de dezembro de 1985. (cômputo de tempo de serviço
público para concessão de adicionais)
3ª SESSÃO
PROC.
2894/98 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 007/98, que altera o inc. I do art. 253 da Lei
Complementar nº 133, de 31 de dezembro de 1985. (altera o prazo máximo
p/estágios no serviço público municipal)
PROC.
2895/98 – PROJETO DE LEI COMPLEMENTAR DO EXECUTIVO Nº 008/98, que revoga o art. 10 e seu parágrafo
único da Lei Complementar nº 133, de 31 de dezembro de 1985. (exame psicológico
para ingresso no serviço público municipal)
PROC. 2896/98 – PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 040/98, que altera o § 1º do art. 21 da Lei nº 6309, de 28 de dezembro de 1988. (permite alteração, por Decreto, da denominação e da classificação dos Grupos de Direção para Assessoramento e vice-versa)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Adeli Sell está com a palavra para
discutir a Pauta. Desiste. O Ver. Renato Guimarães está com a palavra para
discutir a Pauta. Desiste. O Ver. José
Valdir está com a palavra para discutir a Pauta. Desiste. A Vera. Maria do
Rosário está com a palavra para discutir a Pauta. Desiste.
O
Ver. João Dib está com a palavra para discutir a Pauta.
O SR. JOÃO DIB: Sr. Presidente, Srs. Vereadores, poderia
dizer que vivo um momento de glória. O PT ocupou todos os quatro espaços de
Pauta para discussão do Orçamento para
discutir algumas coisas. Diz o meu querido Vereador e poeta José Valdir que
“quem cedo madruga Deus ajuda”. Esse é o provérbio. Eu tentei madrugar. Cheguei
aqui às 13h40min e já estavam quatro inscritos na minha frente, mas não
discutiram o Orçamento. Agora eu sei por que eles não querem que eu fale:
porque quando eu falo, evidentemente, venho alicerçado com documentos.
Estamos
aqui com um Projeto de Lei do Prefeito que pretende fazer com que os
estagiários fiquem dois anos na Prefeitura. Não é uma manobra eleitoral nem
eleitoreira, é casual! Mas eu tenho aqui um relatório do Tribunal de Contas, do
ano de 1992, que fala sobre estagiários. Diz o seguinte: “Inobstante o Decreto
10.245/92 tenha consolidado e aprimorado as regras até então vigentes sobre os
estagiários do serviço público, tem-se que a inexistência de critério objetivo
uniforme na seleção dos estagiários bem como o estabelecimento de quantidade de
vagas pelo Chefe do Executivo Municipal poderão comprometer princípios
constitucionais e ter reflexo direto nos escassos recursos orçamentários e
financeiros da Prefeitura.”
É
por isso que é difícil discutir o Orçamento quando se trata de documento. Eu
não estou discutindo o Orçamento. Estou discutindo a pretensão do Prefeito de
fazer com que os estagiários fiquem dois anos na Prefeitura para fazer
bandeiraços na rua, junto aos cargos em comissão. É isso que estou discutindo
aqui e agora. Estou discutindo um documento. Não foi só o Ver. João Dib quem
falou, mas é o Tribunal de Contas que fala.
A SRA. MARIA DO ROSÁRIO (Questão de
Ordem): O Ver. João Dib
está-se utilizando do período de Pauta...
O SR. PRESIDENTE: Vera. Maria do Rosário, não foi lhe dada
a Questão de Ordem. O Ver. João Dib continua na tribuna usando o seu tempo.
Ver. João Dib, V. Exa. terá um minuto mais.
O SR. JOÃO DIB: Nobre Vereador-Presidente, eu já havia
dado uma aula para a Líder do PT, a qual dizia que os investimentos podem ser
decididos no Orçamento Participativo. Eu agora estou falando na Pauta em
assunto pertinente, que é a pretensão do Prefeito em fazer com que os
estagiários fiquem na Prefeitura por mais um ano e que eu entendi que... é um
projeto eleitoreiro ou casual? Eu perguntei.
O Sr. Adeli Sell: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento
do orador.) Ver. João Dib, V. Exa. deve estar lembrado: sou Vice-Líder da
Bancada do PT e, na discussão passada, afirmei que faremos um rigoroso debate
sobre a questão, pois sempre repudiamos que estagiários fossem utilizados como
mão-de-obra barata. Não está em discussão a questão que V. Exa. levanta, porque
é um equívoco. Estamos cautelosos. Queremos fazer um debate. Não está escrito,
não está afirmado que votaremos favoravelmente.
O SR. JOÃO DIB: Sou grato ao aparte de V. Exa. Realmente
disse, na sua alocução na segunda-feira passada, exatamente isso, mas hoje a
nobre Sra. Líder do PT, a jovem Sra. Líder do PT está muito ansiosa, muito
preocupada. Estou falando na Pauta, num assunto pertinente, dizendo com dados
do Tribunal de Contas que não pode ser da maneira que o Prefeito quer. Há um
decreto federal regulamentando e a própria Casa sabe muito bem disso. Não falei
nos cargos com cartas-contrato que o Tribunal também condena aqui, porque não
está na Ordem do Dia, mas eu posso dizer que não há política salarial para os
municipários no Orçamento, mas a Prefeitura quer gastar com os cargos em
comissão. Estranho, pois os municipários estão na fila do Montepio às 22/23
horas para serem atendidos no dia seguinte, ao meio-dia, para um empréstimo de
50 a 400 reais. Esta é a Prefeitura que tem os salários maravilhosos, mas que
não fala, pois passaram quatro períodos de quatro minutos e nenhum deles trouxe
uma palavra de alento aos municipários que estão vivendo um momento
extremamente difícil.
Encerro,
Sr. Presidente, dizendo saúde e paz, também para a Sra. Líder do PT. Muito
obrigado.
(Não
revisto pelo orador.)
O SR. ADELI SELL (Requerimento): Sr. Presidente, solicito verificação de
quórum.
O SR. PRESIDENTE: Não há quórum, Vereador.
O SR. ISAAC AINHORN (Requerimento): Sr. Presidente, requeiro verificação de
quórum com chamada nominal.
O SR. PRESIDENTE: (Após a chamada.) Não há quórum. Estão
encerrados os trabalhos da presente Sessão.
(Encerra-se
a Sessão às 16h45min.)
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